O futebol como um fenômeno da cultura brasileira

As coisas só acontecem por acaso, necessidade ou vontade nossa! Epicuro - filósofo.

domingo, 10 de março de 2013

Campeonato do Nordeste_ANÁLISE


 
Alvíssaras à Raposa feroz

 
Por Edônio Alves

A expressão com a qual inicio o título deste texto de hoje significa, conforme preconiza o dicionário, "prêmio ou recompensa que se concede a quem anuncia boas novas ou entrega coisa que se perdera". Foi a forma mais adequada que encontrei de render aqui, neste espaço, minhas homenagens à campanha do Campinense Clube, neste campeonato do Nordeste, cujas partidas decisivas e finais se iniciam hoje, com o jogo entre o clube serrano e o ASA de Arapiraca, nas Alagoas. A finalíssima mesmo acontece no próximo domingo, em Campina Grande, com o jogo de volta entre esses mesmos dois clubes, só que agora no estádio Amigão, a casa da Raposa da serra da Borborema, algo que premia a sua melhor campanha no certame em comparação com o seu adversário.

Mas trago o nome do Campinense aqui, hoje, não apenas para parabeniza-lo pelo fato de representar o futebol paraibano nesse feito inédito de chegar às finais do principal torneio da região, o Campeonato do Nordeste, que este ano está na sua décima edição e que vai, no próximo domingo, apresentar ao Brasil o melhor time do futebol nordestino em atividade, neste primeiro semestre do ano. Seja o ASA, da cidade de Arapiraca, em Alagoas, ou o Campinense, de Campina Grande, na Paraíba, o fato é que a geopolítica do futebol regional esse ano deu uma guinada e ao invés de destacar os estados de Pernambuco e Bahia, que sempre dominaram as conquistas do Nordestão, apresenta, ao invés, nesta temporada, os estados de Alagoas e da Paraíba como as unidades federativas que melhor praticam o futebol profissional por essa parte do País.

E não é à toa, essa revelação de cenário novo que sairá das finais do Campeonato do Nordeste.

            Tanto o ASA quanto o Campinense são clubes nordestinos cujas trajetórias históricas e tradição justificam e muito a posição a que chegaram este ano, carregando consigo a história e a vacilante tradição do futebol dos seus estados. É sobre este ponto que vou me deter agora, deixando de lado o ASA de Arapiraca e tentando focar no nosso caso local do Campinense Clube e do futebol paraibano, neste contexto regional.

            O Campinense Clube foi fundado em 1915 como clube social na cidade de Campina Grande, mas só em 1954 é que o seu departamento de futebol começou a funcionar de fato. O profissionalismo, no entanto, só veio em 1958 e apenas em 1960 é que o clube disputou seu primeiro campeonato estadual. A partir daí, ganhou seis campeonatos seguidos e tornou-se o único hexacampeão do Estado, com uma sequência de títulos que joga na cara dos adversários sempre que tentam diminuir a sua importância como clube de futebol na Paraíba.

             Além disso, o Campinense Clube foi também o primeiro clube paraibano a disputar uma competição de caráter nacional: a Taça Brasil de 1961. Onze anos depois, em 1972, venceu a então segunda divisão do Campeonato Brasileiro e a partir daí seguiu a história de altos e baixos do próprio futebol paraibano, história essa que se resume a médios e péssimos momentos, seguindo uma curva de sinal que ora sobe, ora desce, conforme apontam as atuações vacilantes dos seus dirigentes e administradores.

            Vamos, contudo, ao ponto dessa curva em que o Campinense está no momento e com ele mostrar as boas novas que este fato parece conter se quisermos vislumbrar, a partir dele, um cenário melhor para o futebol paraibano, no contexto nacional. É que alguns fatos, além desse, conflui para isso, creio eu. Vamos a eles: se o Campinense vencer o Nordestão, a Paraíba volta a contar no futebol brasileiro. Ademais, será, por isso mesmo, forte candidato a disputar o estadual desse ano contra Treze e Botafogo, já classificados para o quadrangular final do paraibano de 2013. O Treze já está na série C do segundo semestre desse ano e o Botafogo, que tem hoje um time de respeito - foi o campeão do primeiro turno do estadual invicto - só aguarda com quem decidir o campeonato. Se vencer, estará na Série D do ano que vem junto com a participação garantida no próximo Nordestão, mesmo que só seja vice-campeão estadual.

            No plano administrativo, o Governo do Estado está reformando os nossos grandes estádios de futebol e dotando-os de capacidade e condições de figurarem entre as boas praças de esporte do País. Os dois principais mandatários do poder executivo estadual - o governador e o prefeito da capital - são esportistas natos e torcedores do mesmo time, o Botafogo, clube que está em ascensão e sob uma administração profissional de fato. Ou seja: que este provável título do Campinense - se vier - seja um emblema mensageiro de boas novas para o futebol do nosso Estado.
 
 

 

 

           

 

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