O futebol como um fenômeno da cultura brasileira

As coisas só acontecem por acaso, necessidade ou vontade nossa! Epicuro - filósofo.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Botafogo da Paraíba: um time e uma torcida grande e belos!







CRÔNICA DE ANIVERSÁRIO
Por: Edônio Alves
Todos os torcedores de futebol se parecem entre si como soldadinhos de chumbo. Têm o mesmo comportamento e xingam o juiz, com a mesma exuberância e os mesmos nomes feios, o juiz, os bandeirinhas, os adversários e os jogadores do próprio time. Há, porém, um torcedor, entre tantos, entre todos, que não se parece com ninguém e que apresenta uma forte, crespa, irresistível personalidade. Ponha uma barba postiça num torcedor do Botafogo, e dêem-lhe óculos escuros, raspem-lhe as impressões digitais e, ainda assim, ele será inconfundível. Por que?”

O trecho acima, retirado de uma das imortais crônicas de Nelson Rodrigues sobre futebol, me serve aqui de apoio para uma breve, curta, rapidíssima reflexão sobre o time e a torcida do Botafogo da Paraíba, nesta semana em que todos nós amantes do bom futebol, nós os torcedores do grande e belo Botafogo paraibano, estamos comemorando os 78 anos de história do nosso clube mais querido.

A reflexão profética de Nelson Rodrigues sobre o torcedor do Botafogo do Rio, que junto a minha sobre o homônimo time paraibano, trata de uma característica singularíssima da personalidade do torcedor botafoguense: a ontológica capacidade de sofrer com seu clube. Parafraseando Euclides da Cunha, diria que o torcedor do Botafogo, o do Rio, é antes de tudo um sofredor. Portanto, ele não vai a campo para ver futebol. Para o Botafoguense do Rio, o futebol é um mero detalhe. O que lhe interessa não é a vitória mas a edificante experiência da derrota. Assim, o torcedor botafoguense – repita-se, o do Rio -, traz em si todos os caracteres dramáticos de um personagem sheakspereano.

Mas e o torcedor do Botafogo paraibano? O que lhe patenteia o traço particularíssimo? O que, enfim, lhe faz singularíssimo, diferente, diverso das outras estirpes de torcedores, já que todos se parecem entre si como soldadinhos de chumbo? A estes questionamentos, que amanheceram comigo nesta segunda-feira, 28 de setembro, data de aniversário (o Botafogo completa hoje 78 anos de gloriosa existência), ouso responder com a seguinte observação: o torcedor botafoguense da Paraíba é antes de tudo um ser estético. Ele não vai a campo para ver apenas seu time ganhar. Ganhar para o botafoguense da Paraíba é um mero detalhe. O que lhe interessa, sobretudo, ao comprar o ingresso para adentrar o Almeidão - e nisso o torcedor se iguala aos jogadores quando estes pisam naquele gramado sagrado -, o que interessa ao Botafoguense paraibano, dizia, é, sobretudo, a qualidade do futebol apresentado pelo seu time em campo.
Não se assustem, pois, ao virem aquela bonita massa alvinegra se retirar do estádio ainda faltando muito para uma partida acabar, esteja seu time perdendo ou ganhando. Principalmente ganhando, diria eu. É que historicamente acostumado a ver grande e belo o futebol – registre-se que o nome Botafogo foi inspirado no homônimo carioca justamente pelo outrora exemplo artístico do time -, o torcedor pessoense não se contenta com pouco.

É que nós, meus amigos, nós os verdadeiros botafoguense - ao contrário dos trezeanos e campinenses -, nascemos sabendo distinguir o dramalhão bufo de Dario Fo da alta densidade artística da prosa de Dostoiévski. Nós botafoguenses sabemos que muito mais importante do que ganhar ou perder vale mesmo é o espetáculo artístico proporcionado pelo time em campo. Talvez seja por isso, por essa característica que só nós os botafoguenses temos - a particularidade de ver o futebol como um espetáculo -, é que ninguém compreenda o fato do torcedor do Belo se comportar no estádio Almeidão como se estivesse em um teatro: profundamente silencioso mas enfático quando sente que deve aplaudir as grandes jogadas dos seus ídolos.

Por isso, caro amigo torcedor, quando Beraldo de Oliveira, Manoel Feitosa, Livonete Pessoa, José de Melo, Edson de Moura Machado e Enock Lins resolveram se reunir, numa ruazinha de nome grande (do grande Borges da Fonseca) no bairro do Roger, para fundar o nosso Botafogo, no dia 28 de setembro de 1931, não o fizeram apenas para fundar um clube de futebol. Fizeram-no, isto sim, para fundar e gravar na história da Paraíba uma maneira artística de jogar e apreciar o futebol. Parabéns, então, para eles e para nós todos nesse nosso aniversário!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

COPA DO BRASIL de FUTEBOL FEMININO




AS MENINAS DO BOTAFOGO-PB


Começou ontem (25/09) a Copa do Brasil de futebol feminino deste ano patrocinada pela CBF. O único time representante da Paraíba é o BOTAFOGO de João Pessoa. O título do campeonato dá direito à disputa da Taça Libertadores da América em 2011. A equipe campeã do ano passado foi o Santos de São Paulo, que este ano trouxe a jogadora Marta, para disputar a Libertadores. O vice-campeão foi o Sport Clube Recife que também estreiou ontem justamente contra o Botafogo da Paraíba, no estádio Almeidão, em João Pessoa. Mais experiente (a equipe está junta há três anos e é tricampeã pernanbucana, o time de Recife sapecou uma goleada de 4 a 0 nas paraibanas, que só fizeram dois treinos para este jogo). Mas, o mais importante é que a diretoria do BELO já confirmou a manutenção do time a que vai entregar as estruturas do clube para treinamento e disputas de jogos amistosos e oficiais.

A equipe feminina do BOTAFOGO é comandada pelos seguintes profissionais:

Gleide Costa - Técnica
Giusiane Gomes Coutinho - Auxiliar Técnica
Jéssica Inácio - Fisioterapeuta
Walter Ataíde - Coordenador de Futebol Feminino
Eliane Leal - Psicóloga
Rejane Gomes - Preparadora Física
Josemir - Contato Publicitário.

Imagens do jogo, confira na GALERIA DE FOTOS, à direita!!!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

BOTAFOGO 1 X 0 AUTO ESPORTE



BELO VENCE MAIS UM BOTAUTO
PELA COPA PARAÍBA
Jogando no estádio Almeidão, neste domingo (20/09), o Botafogo derrotou a equipe do Auto Esporte pelo placar de 1 a 0, com gol de Cristiano Alagoano (de Cabeça aos 28 minutos da primeira etapa), após ter recebido um cruzamento perfeito do ala direito, José Wilker, que foi a novidade do dia no time do Belo.
O Auto Esporte iniciou a partida impondo seu ritmo de jogo, com bastante velocidade e tranquilidade em seu toque de bola. O Botafogo, por sua vez, não se encontrava em campo. Estava nervoso, e errava muitos passes. À partir dos 15 minutos, é que o alvinegro começou a se encontrar em campo, acertando mais o seu passe, e se impondo como equipe grande, passando, assim, a pressionar o Auto Esporte.
Aos 28 minutos da etapa inicial, numa boa jogada do meio campo com o ala José Wilker saiu o gol do Botafogo. Wilker lançou com precisão para Cristiano Alagoano que, numa bela cabeçada, colocou para o fundo do barbante. Após o gol do alvinegro, as duas equipes caíram de produção, parecia até que não queriam mais nada no jogo.
Aos 42 minutos, o meia Kel, do Botafogo, que até então vinha muito bem na partida, se deu ao luxo de perder um gol dentro da pequena área; só ele o goleiro e a trave.
No segundo tempo só deu Auto Esporte. A equipe de mangabeira pressionou muito o Botafogo, que não encontrava-se em campo. Não fosse o zagueiro Rogério, e o lateral Zé Wilker, que tiraram duas bolas em cima da linha do gol, o Auto Esporte poderia ter saído com a vitória no clássico.
FICHA TÉCNICA:
BOTAFOGO: Rerisson, José Wilker, Odair, Rogério, Kika, Ivan, Jean (Sapé), Jougle, Kel (Juninho), Cristiano Alagoano e Vinícius (Romário).
AUTO ESPORTE: Amauri, Rafael Recife, Galdino, Luiz Paulo, Cledson (Raí), Dé, Mailton (Cléber), Rockelan, Jr. Kiboa, Gil Paraíba e Felipe (Formiga).
Gol: Cristiano Alagoano aos 28 do primeiro tempo.
O BOTAFOGO agora é o líder da Copa Paraíba, somando 6 pontos ganhos, e saldo positivo de 4 gols. No próximo domingo (27/09), o BELO recebe o TREZE, no Almeidão, tentando o 9º ponto na competição.
Mais informações sobre o CLÁSSICO, clique aqui.



sábado, 19 de setembro de 2009

CLÁSSICO PARAIBANO - Clique na imagem para ampliar


FUTEBOL da PARAÍBA

Mais um Botauto no Almeidão, neste domingo, 20 de setembro!

Se o Fla-Flu nasceu 40 minutos antes do nada, como assegura Nelson Rodrigues, o Botauto eclodiu como uma faísca do Bigbang!!!

O jogo é pela Copa Paraíba, cujo vencedor terá como prêmio uma vaga na Copa do Brasil do ano que vem.

Inicia, assim, neste domingo, a caminhada do meu glorioso BOTAFOGO rumo a Dubai, após o título de Campeão Brasileiro de 2014.

Clique aqui para saber o PLACAR DO JOGO

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

ESPORTE E CULTURA ATRAVÉS DA MÍDIA

O JORNALISMO ESPORTIVO EM DEBATE

Para quem está no Rio de Janeiro, recomendo este curso aqui do professor e estudioso do futebol pelas lentes da sociologia, Ronaldo Helal. Garanto, porque já o fiz, no primeiro semestre deste ano da UERJ, que de lá sairão discussões refinadíssimas sobre a maneira como a mídia trata a inserção do futebol na sociedade e cultura brasileiras.

BRASIL 3 x 1 ARGENTINA - 05/09/2009


"Eu é que já estava longe, me refugiando na arte. Que coisa lindíssima, que bailado mirífico um jogo de futebol! "
Mário de Andrade, a propósito de um jogo entre Brasil e Argentina em 1939. Para ler mais, clique aqui.


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

BRASIL x ARGENTINA - ou Mário de Andrade e o futebol!

"Mas na verdade, por causa daquele jôgo, estávamos todos odiando os argentinos e a Argentina."

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"Ora o que é que se via desde aquele início? O que se viu, se me permitirem a imagem, foi assim como uma raspadeira mecânica, perfeitamente azeitada, avançando para o lado de onze beija-flôres".
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"Era Minerva dando palmadas num Dionísio adolescente e já completamente embriagado. Mas que razões admiráveis Dionísio inventava para justificar sua bebedice, ninguém pode imaginar! Que saltos, que corridas elásticas! Havia umas rasteiras sutis, uns jeitos sambísticos de enganar, tantas esperanças davam aqueles volteios rapidíssimos, uma coisa radiosa, pânica, cheia das mais sublimes promessas! E até o fim, não parou um segundo de prometer... Minerva porém ia chegando com jeito, com uma segurança infalível, baça, vulgar, sem oratória nem lirismo, e juque! Fazia gol".
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Mentor intelectual do movimento modernista nas nossas letras, Mário de Andrade foi um dos intelectuais que mais se empenhou em criar uma fisionomia brasileira para as nossas intervenções no âmbito da cultura. E cultura entendida aqui não apenas no seu restrito sentido erudito e elitista, mas, sobretudo, no senso popular da palavra; no que ela tem de revelador do que fazemos, do que somos e do que fazemos do que somos.
Assim é que podemos entender as palavras acima, escritas em uma crônica sua, datada de 1939, por ocasião de um jogo entre o Brasil e a Argentina, a que assistira no Rio de Janeiro.
Estão presentes aí, perfeitamente qualificados, todos os ingredientes que iriam definir o tipo de futebol praticado pelos brasileiros desde que importou-se o jogo da Inglaterra, assimilou-se o seu espírito lúdico e competitivo e incorporou-se à sua prática uma maneira de ser nacional em oposição a um outro estrangeiro, aqui representado pelo nosso maior rival: os nossos vizinhos portenhos.
Pois bem! Neste sábado (05.09), se enfrentam mais uma vez - desta feita na disputa de uma vaga para a Copa do Mundo da África do Sul, em 2010 -, os brasileiros e os argentinos. É possível que se reeditem outra vez os elementos contextuais que sempre cercam os encontros futebolísticos entre estas duas nações, tão bem captados pela pena do nosso Mário de Andrade. Vamos aguardar pra ver. E com a certeza - espero que confiramada pelos fatos - de que é sempre muito bom ganhar da Argentina! Afinal, parafraseando o sociólogo do futebol, Ronaldo Helal, nós odiamos amar os argentinos enquanto os argentinos amam nos odiar!
  • Em tempo: o jogo a que Mário de Andrade assistiu e que serviu de motivo para a composição da aludida crônica, foi o de nº 59 da história da Seleção Brasileira de futebol. Disputado no estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, pela Copa Roca, em 15 de janeiro de 1939, o jogo foi responsdável por uma das maiores goleadas sofridas por nosso selecionado frente aos argentinos: 5 a 1 pra eles.
  • Na relva verde, os nossos beija-flores eram: Batatais; Domingos; Machado; Bioró e Brandão; Médio; Luisinho e Romeu; Leônidas; Tim e Hércules. O único gol do Brasil foi marcado por Leônidas.
  • Para ler a crônica de Mário de Andrade, intitulada "Brasil versus Argentina", ver: PEDROSA, Milton. GOL DE LETRA. Rio de Janeiro: Editora Gol, 1967.