O futebol como um fenômeno da cultura brasileira

As coisas só acontecem por acaso, necessidade ou vontade nossa! Epicuro - filósofo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Copa da África - Coerência conservadora

Seleção Brasileira que vai à Copa da África do Sul
 tem a cara do seu treinador

Dunga apresentou hoje, em entrevista na CBF, os 23 jogadores que vão representar o Brasil na Copa do Mundo da África do Sul. O time não tem novidade alguma. Tanto do ponto de vista técnico quanto da perspectiva da própria escolha dos nomes; ou seja, das alternativas de que dispunha o técnico  para pôr em campo um time para representar um país que se orgulha de ser o melhor do mundo em matéria de futebol, Dunga optou mais pelo critério da coerência com o grupo com que vinha trabalhando do que pela idéia da excelência na convocação. Com isso, fez um time burocrático, competitivo, mas pouco afeito às tradições do grande futebol brasileiro. A dedesa é boa, o meio de campo sofrível e dependente da boa forma de Kaká (o único jogador de criação do time), e o ataque objetivo, mas igualmente dependente das atuações do mesmo Kaká. Faltou ousadia para chamar o melhor meio-campo do país no momento, o santista Paulo Henrique Ganso, e para apostar no lídimo representante do tradicional futebol-arte do país, o também santista Neymar. Com isso, a equipe brasileira fica a cara do seu treinador: chata, sem criatividade - embora teimosa - e conservadora, embora coerente e determinada, nos seus princípios organizadores. Mais do que nunca, só nos cabe agora torcer pelo Brasil porque pode até ser possível ganhar a Copa com este time, mas que vai ser sofrido, ah! isso vai!


GOLEIROS: Julio César (Inter de Milão), Gomes (Tottenham), Doni (Roma)

LATERAIS: Maicon (Inter de Milão), Daniel Alves (Barcelona), Michel Bastos (Lyon), Gilberto (Cruzeiro)

ZAGUEIROS: Lúcio (Inter de Milão), Juan (Roma), Luisão (Benfica), Thiago Silva (Milan)

MEIO-CAMPISTAS: Felipe Melo (Juventus), Gilberto Silva (Panathinaikos), Ramires (Benfica), Elano (Galatasaray), Kaká (Real Madrid), Josué (Wolfsburg), Julio Baptista (Roma), Kleberson (Flamengo)

ATACANTESRobinho (Santos), Luis Fabiano (Sevilla), Nilmar (Villarreal), Grafite (Wolfsburg)

RESERVAS: Alex (Chelsea - zagueiro), Carlos Eduardo (Hoffenheim - meia), Ronaldinho Gaúcho (Milan - atacante), Sandro (Internacional - meia), Ganso (Santos - meia), Marcelo (Real Madrid - lateral) e Diego Tardelli (Atlético-MG - atacante).
Detalhes das convocações históricas para copas do mundo:
A Fifa determina que em 1º de junho as federações apresentam as listas finais de 23 nomes, selecionados entre os 30 divulgados até esta terça. A partir dessa data, só poderá haver trocas em caso de lesões até a véspera da estreia da equipe na Copa. E o jogador convocado para substituir um machucado não precisa ser um dos sete excluídos da relação inicial de 30.
Apenas três clubes brasileiros tiveram a honra de possuir jogadores na lista de 23 escolhidos pelo treinador Dunga para a disputa da Copa de 2010. Cruzeiro, Flamengo e Santos serão representados na seleção brasileira, respectivamente, por Gilberto, Kleberson e Robinho.
A relação apresentada nesta terça-feira quebrou uma longa sequência do São Paulo em Copas. De 1950 até 2006, o Tricolor Paulista sempre teve pelo menos um representante na lista.
O clube brasileiro que mais cedeu jogadores para o selecionado do país em Copas do Mundo é o Botafogo, com 46 atletas. O Alvinegro carioca teve oito nomes no Mundial de 34, em um quadro de divergência entre dirigentes cariocas e paulistas. E tem muitos campeões mundiais em seu ‘currículo’: Garrincha, Didi, Nilton Santos, Amarildo, Zagallo, Jairzinho, Paulo César, Roberto Miranda. Mas desde 98, quando cedeu Bebeto e Gonçalves, o clube não tem nomes convocados. Nem para amistosos.
O São Paulo é o segundo colocado no ranking, com 42 nomes. Com a escolha de Kleberson nesta terça, o Flamengo passou a ocupar, isoladamente, a terceira posição, que dividia com o Vasco. O Fla chegou a 33 atletas, um a mais que o clube de São Januário.
O Fluminense é o quinto (30), seguido por três paulistas: Palmeiras, Santos (ambos com 24) e Corinthians (23). Em seguida, vem o Cruzeiro, que, na batalha particular contra o Atlético-MG, ultrapassou o grande rival com a presença de Gilberto (11 a 10).
A lista de Dunga é a mais ‘internacional’ de um selecionado brasileiro em um Mundial. Só uma vez uma relação de convocados para um Mundial teve apenas três nomes de equipes nacionais: em 2006, quando Carlos Alberto Parreira escolheu Rogério Ceni, Mineiro e Ricardinho. Os dois primeiros do São Paulo e o último do Corinthians.
O primeiro jogador que atuava no exterior a ser convocado para representar o Brasil em um Mundial foi o atacante Patesko, chamado em 1934 quando defendia o Nacional de Montevidéu.
Nos anos 50 e boa parte dos 60, jogar fora do Brasil significava abrir mão da seleção. Destaque do país em 54, o ponta-direita Julinho ficou ausente em 58 por atuar na Fiorentina (Itália). A tradição esteve para ser quebrada em 66, quando Amarildo foi chamado quando atuava pelo Milan. Mas uma contusão afastou o “Possesso” da competição disputada na Inglaterra.
A partir dos anos 80, o êxodo de jogadores brasileiros para a Europa se refletiu nas listas. Em 82, Telê Santana convocou Falcão, que brilhava no Roma, e Dirceu, que jogava no Atlético de Madri.
Desde então, a maior presença de atletas de clubes brasileiros ocorreu na relação elaborada por Luiz Felipe Scolari para 2002: 13 dos 23. E o resultado foi positivo: o penta no Mundial do Japão e na Coreia do Sul.
Lista de clubes brasileiros que cederam jogadores para a seleção em Copas:
1) Botafogo – 46
2) São Paulo – 42
3) Flamengo – 33
4) Vasco – 32
5) Fluminense – 30
6) Palmeiras e Santos – 24
8 ) Corinthians – 23
9) Cruzeiro – 11
10) Atlético-MG – 10
11) Internacional – 8
12) Grêmio – 7
13) Portuguesa – 6
14) Ponte Preta e São Cristóvão – 5
16) Bangu – 4
17) América – 3
18) Americano (RJ), Atlético-PR, Goytacaz (RJ), Guarani, Portuguesa Santista e Ypiranga (Niterói-RJ) – 1
Presença de estrangeiros na seleção brasileira em Copas:
1930 – 24 jogadores atuavam no Brasil
1934 – 17 jogadores no Brasil e um do exterior (Araken – Nacional de Montevidéu)
1938 – 22 jogadores no Brasil
1950 – 22 jogadores no Brasil
1954 – 22 jogadores no Brasil
1958 – 22 jogadores no Brasil
1962 – 22 jogadores no Brasil
1966 – 22 jogadores no Brasil
1970 – 22 jogadores no Brasil
1974 – 22 jogadores no Brasil
1978 – 22 jogadores no Brasil
1982 – 20 jogadores no Brasil, um na Espanha (Dirceu) e um na Itália (Falcão)
1986 – 20 jogadores no Brasil e dois jogadores na Itália (Edinho e Júnior)
1990 – 10 jogadores no Brasil, um na Alemanha (Jorginho), cinco em Portugal (Ricardo Gomes, Branco, Valdo, Silas e Aldair), quatro na Itália (Dunga, Careca, Alemão e Müller), um na Holanda (Romário) e um na França (Mozer)
1994 – 10 jogadores no Brasil, dois na Itália (Taffarel e Aldair), três na Alemanha (Jorginho, Dunga e Paulo Sérgio), dois no Japão (Ronaldão e Leonardo), três na Espanha (Bebeto, Mauro Silva e Romário) e dois na França (Márcio Santos e Raí)
1998 – 9 jogadores no Brasil, seis na Itália (Aldair, André Cruz, Cafu, Edmundo, Leonardo e Ronaldo), dois no Japão (César Sampaio e Dunga), três na Espanha (Giovanni, Rivaldo e Roberto Carlos), um em Portugal (Doriva) e um na Alemanha (Emerson)
2002 – 13 jogadores no Brasil, quatro na Itália (Cafu, Júnior, Ronaldo e Roque Júnior), um na Alemanha (Lúcio), dois na França (Edmílson e Ronaldinho Gaúcho) e três na Espanha (Denílso, Rivaldo e Roberto Carlos)
2006 – 3 jogadores no Brasil (Rogério Ceni, Mineiro e Ricardinho), seis na Itália (Adriano, Cafu, Dida, Emerson, Kaká e Júlio César), quatro na Alemanha (Gilberto, Juan, Lúcio e Zé Roberto), cinco na Espanha (Cicinho, Roberto Carlos, Robinho, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho) um em Portugal (Luisão), um na Inglaterra (Gilberto Silva) e dois na França (Fred e Juninho Pernambucano)
2010 – 3 jogadores no Brasil (Gilberto, Kleberson e Robinho), oito na Itália (Doni, Felipe Melo, Juan, Júlio César, Júlio Baptista, Lúcio, Maicon e Thiago Silva), quatro na Espanha (Daniel Alves, Kaká, Luis Fabiano e Nilmar), dois em Portugal (Luisão e Ramires), dois na Alemanha (Grafite e Josué), um na França (Michel Bastos), um na Inglaterra (Gomes), um na Turquia (Elano) e um na Grécia (Gilberto Silva).





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