O futebol como um fenômeno da cultura brasileira

As coisas só acontecem por acaso, necessidade ou vontade nossa! Epicuro - filósofo.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Campeonato Paraibano_ANÁLISE


A demanda do G-6

 
Por Edônio Alves

 
Um dos aspectos básicos da vida e, portanto, da nossa visão de mundo a partir dela, é a noção hierarquizada que temos das coisas. E é assim porque tudo que tem organização - ou até mesmo desorganização - como é o caso das sociedades humanas, tem como fundamento a hierarquia com que se estabelecem as relações de poder, inevitáveis nos empreendimentos humanos.

Assim também é no futebol, uma vez que além de um mero jogo ou esporte, este também é um empreendimento humano, principalmente quando compreendido no mundo moderno em que a atividade se estabelece ligada a vários âmbitos da vida. Seja no seu aspecto cultural, político, desportivo, estético ou econômico, o futebol não escapa a essa lógica geral da hierarquia de todas as coisas. É só observar a organização dos campeonatos - as disputas institucionalizadas deste esporte - e o leitor entenderá aonde quero chegar com essa conversa fiada.

Quero dizer, portanto, que é comum se observar nas tabelas dos campeonatos esportivos pelos menos duas zonas hierárquicas com que se estabelecem as disputas, os sonhos e os pesadelos dos competidores (ver jogos, abaixo). Aquilo que na sua sabedoria prática e imediata o torcedor classifica, já reconhecendo essa configuração hierárquica, em G-4 e Z-4; ou G-2 e Z-2, conforme a estrutura e regulamento de cada competição.

Trouxe esse papo esquisito aqui para este domingo porque o campeonato paraibano de futebol profissional deste ano trouxe uma novidade nessa seara, decorrente da forma estranha com que o seu regulamento organizou as disputas entre os times da primeira divisão do Estado. Como dois dos dez clubes que integram o certame este ano vão ficar fora da sua primeira fase, porque durante este período disputam o campeonato do Nordeste (casos de Campinense e Sousa), restou que será nesta primeira fase mesmo que será feito o descenso dos outros dois clubes que cairão para a segunda divisão do ano que vem.

É sobre esta circunstância nova que se organizou, por consequência, a lógica hierárquica do campeonato deste ano, já que os clubes em disputa, ao final do primeiro turno, se arranjarão em três zonas de qualidade conforme os seus desempenhos: o G-2, que inclui os dois melhores da primeira fase, automaticamente classificados para as finais do certame; os dois piores da fase, automaticamente rebaixados para o ano de 2014 e - salve a novidade! - o G-6, que incluirá os times que não subirão ao céu nem descerão aos infernos.

Decorridos os jogos da quarta rodada do Paraibano deste ano, nota-se já, com relativa força de tendência quais os times que brigarão apenas pelo cálice sagrado do G-6, uma vez que não têm condições técnicas (nem econômicas, nem política, nem de nada) para almejar os céus do G-2. É, portanto, para fugir do inferno da segunda divisão, isto é o Z-2, o fim da tabela e dos seus próprios propósitos que, por inferência direta desse raciocínio acima, esse clubes brigarão entre si, com vistas no G-6.

A demanda do G-6, portanto, transformou-se na zona de atração destes clubes e, por conseguinte, do próprio campeonato de 2013, criando uma briga acirrada entre os clubes intermediários, que este ano parecem ser quase todos os outros, a exceção de Botafogo, Treze, Campinense e CSP.

Pelo que vi jogar esses clubes, arrisco a dizer que entre Paraíba, Auto Esporte, Atlético, Nacional e Cruzeiro, o G-6 é que buscam todos eles, numa luta feroz para fugir do Z-2. Só o Sousa para mim é um enigma, já que não sei como está montado o time nem como ele vai se portar, neste domingo, contra o Sport, do Recife, na estreia do Nordestão. Só para esclarecer as legendas: a sigla G-2 significa Grupo dos dois primeiros; a sigla Z-2 significa grupos dos dois últimos - daí o Z, última letra do alfabeto - e a sigla G-6, o grupo da turma dos que nem fedem nem cheiram.

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