Desde o dia onze de julho de 2011 (ver
textos), este espaço no blog está franqueado aos meus alunos da
disciplina de Jornalismo Esportivo, que leciono no curso de Comunicação Social
da Universidade Federal da Paraíba. Aqui, o internauta vai poder conferir a
produção dos melhores alunos do curso, através de matérias produzidas como
exercício da citada disciplina. As duas matérias que seguem, abaixo, foram as
duas melhores produzidas no semestre 2012.2, como trabalho prático da cobertura
de uma partida de futebol, válida pelo campeonato paraibano deste ano de 2013. Boa
leitura!
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Belo sai vencedor, mas o embate não foi bonito...
Por Juliana Freire
Jogadores do Belo, Hércoles e Diego Sousa, comemoram junto com a torcida a vitória em cima do Treze |
Aos poucos os pais iam chegando de mãos dadas com os filhos, mulheres roendo as unhas, menininhas vestidas não de rosa, mas de alvinegro, pintando o “sete” nos degraus da arquibancada. O som dos gritos de guerra ecoava forte e imperativo nos arredores do estádio José Américo de Almeida Filho. Radialistas para lá e para cá ziguezagueavam atrás de entrevistados pela lateral do gramado. Era dia de clássico na tarde do dia 14 de abril, na Capital. E Deus naquele domingo ensolarado parecia ser pessoense.
A trave mantivera o resultado conquistado ainda no
primeiro tempo. Fim de jogo: 1 a 0 para o Botafogo, em cima do Treze.
Juliana Freire,
22 anos, é bailarina e graduanda do 8º período do curso de Jornalismo da UFPB |
Às
17 horas havia tido início o embate entre os clubes na disputa pela sétima
rodada do segundo turno do Campeonato Paraibano. Ambos já classificados para a fase
final, prometiam um jogo menos acalorado do que o de costume. Nada disso. As
torcidas cobravam bom desempenho. O Belo, apesar de ter sido o campeão do turno
inicial do Campeonato, vinha de três derrotas consecutivas e ocupava a lanterna
da segunda fase. O Galo da Borborema, vice-campeão do primeiro turno, também
não vinha bem das pernas, com apenas dois pontos a mais do que o adversário,
além de ter perdido por 2 a 0 do CSP, no último jogo.
O
clássico, então, voltava a prometer. Torcedores clamavam por isso e o clima
esquentava das arquibancadas rumo ao campo. Aos três minutos do primeiro tempo,
Diego Silva lançou a bola para Wanderlei, que marcou o primeiro gol do
Botafogo. Torcedores do Belo em festa. Dona Ana Maria da Silva não cabia no
próprio sorriso. Ela via lá do alto, na arquibancada, seu filho em campo e
comemorava o passe que seu menino tinha deixado nos pés do autor do gol. A
alegria durou pouco, embora o orgulho de mãe permanecesse para além do término
da disputa. Gol ilegal. O juiz marcava impedimento e o jogo seguia tal qual
começou, com o mesmo placar.
O
grito vibrante de dona Ana Maria foi externado, para alegria dos torcedores do
Belo, mais uma vez alguns minutos depois. Com cerca de meia hora de jogo,
Éverton aproveitou o rebote proveniente de um escanteio e balançou a rede
adversária. Os trezeanos se revoltaram fora de campo e provocaram os
botafoguenses. Momento de conflito nas arquibancadas, que logo foi cessado. Em
campo, porém, a briga crescia. A bola rolava e a cada esbarrão dos jogadores um
cartão amarelo lançado ao alto. Foram oito destes e dois vermelhos para os
brigões Léo Breno, do Galo, e Hércules, do Botafogo, que esqueceram que o jogo
se disputava com os pés e começaram a lutar MMA. Dez em campo de cada lado num
jogo truncado e de muitas paralisações por faltas. O novo gramado do Almeidão,
única parte já concluída da reforma por que passa o Estádio, não foi suficiente
para fazer a bola deslizar em campo.
As
chances de mudança no placar, no entanto, eram frequentes. Nos minutos finais
do primeiro tempo, o Treze quase empatou. O jogador botafoguense Doda, contudo,
fechou a trave e salvou o Belo na linha do gol. No segundo tempo, o Galo da
Borborema voltava mais agressivo ao jogo. Era bola na trave, bola sobrando na
zona de perigo do Botafogo. O ídolo do Belo, o artilheiro Warley, que estava apenas
assistindo ao jogo devido ao machucado ainda não recuperado na parte superior
da coxa, esboçava inquietação com seu time na arquibancada. Parece que a
vontade que lhe assolava era de resolver de uma vez o jogo para o Botafogo, o
qual corria grandes riscos de sofrer um gol a qualquer momento. Levando as mãos
dos botafoguenses à cabeça, Palhinha cobrou falta para o Treze. Os 9.100 torcedores
presentes no Estádio acompanharam o trajeto da bola para dentro da rede. Bola a
gol. Pausa. Havia um goleiro no meio do caminho. A muralha Genivaldo agarrava
todas para o desespero dos trezeanos. Não teve jeito: a disputa foi vencida
pelo time da casa.
Disputa de bola na área do Botafogo em jogo fraco tecnicamente |
Para
Marcelino Rodrigues, torcedor do Galo da Borborema, seu clube jogou melhor do
que o Botafogo no segundo tempo. “Pena que não ganhamos. Mas vamos conquistar a
vitória do Paraibano”, afirmou confiante. Em contrapartida, Ronaldo Adriano, botafoguense
roxo, disse que o Belo mereceu a vitória e destacou o centroavante Diego Silva -
aquele mesmo, o filho de Dona Ana Maria - como o grande nome da partida.
O
prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, que também é torcedor do Botafogo,
ponderou nos elogios destinados ao Belo e revelou que seu clube quase o “mata
do coração”. Cartaxo apontou o goleiro Genivaldo como o melhor jogador do
clássico. “Nosso goleiro fechou a gol”, finalizou.
Conclusão
da partida: com o resultado de 1 a 0, o Belo saiu da lanterna e possui a melhor
classificação geral. O Treze, por sua vez, só não ocupa a última posição agora
porque o Nacional de Patos perdeu para o Atlético no final de semana e tem
saldo de gols inferior. Tanto o time sertanejo, como o Galo possuem seis pontos
na tabela de classificação.
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BOTAFOGO VENCE O CLÁSSICO TRADIÇÃO EM JOGO ‘FRACO’
Por Grazielle Uchôa
Diego Sousa não marcou, mas saiu de campo
comemorando uma boa atuação pelo Belo
|
Grazielle Uchôa, 21, é aluna do o 8º período de Jornalismo (UFPB)
|
Em
termos objetivos, a disputa não valia muita coisa. Botafogo e Treze entraram em
campo já classificados para a fase final do Estadual (já que o Belo foi campeão
simbólico e o Treze vice da primeira fase), mas como dizem os próprios
jogadores, “clássico é clássico”, “rivalidade é rivalidade” e “o que vale é os três pontos”. Por isso, a torcida
não quis saber das campanhas inexpressivas de ambos os times nesta segunda etapa,
e o que importava de fato era a vitória – se possível esmagadora - sobre o
rival. Antes mesmo do apito inicial, as provocações já atiçavam os ânimos no
estádio. Um torcedor do Treze, no setor das cadeiras cativas, agitava uma
bandeira do galo e cantava solitário as canções do seu time, quando
botafoguenses que estavam na arquibancada sombra, logo abaixo das cadeiras,
sentiram-se provocados e iniciaram um tumulto, conseguindo, inclusive, tirar a
bandeira das mãos do torcedor e rasgá-la antes que a polícia se interpusesse
entre os setores e controlasse a situação. O clima de animosidade estava posto.
E, claro, se assim não fosse, não estaríamos falando da maior rivalidade
futebolística da Paraíba.
Quando
o árbitro Renan Roberto apitou o início da partida, as provocações entre as torcidas
não mais importariam. Dali em diante, eram 11 contra 11, quem se impusesse mais
sob o adversário sairia com os três pontos e deixaria o rival no fim da tabela
de classificação. Foi o que aconteceu com o Galo, que agora soma 6 pontos,
acima apenas do Nacional de Patos na tabela, contra os 7 do Botafogo que, com a
vitória de domingo, deixou a lanterna da competição. O Bota espera ter deixado
também a má fase, já que vinha de uma sequência de três derrotas, com
aproveitamento de apenas 22,2% em seis jogos. Na primeira fase, teve 81% em 14
jogos. Mesmo com desfalques importantes, como o atacante Warley, o meia Gil
Bala e o zagueiro Thuran, o clube da capital conseguiu segurar o Treze e
resistiu aos momentos de pressão do Galo, hora por sorte, hora por eficiência
da defesa alvinegra.
E
por falar em eficiência, foram raros os momentos em que ela tomou a vez nos
lances. Aqueles que disseram que até os pernas de pau jogariam bem no tapete
que está o gramado do Almeidão, depois de ver o Clássico tradição deste
domingo, devem ter mudado de ideia. Embora tenha havido alguns bons lances de
perigo em ambas as áreas, o jogo foi marcado por muitas faltas, deficiência
técnica e uma infinidade de erros de passe dos dois lados. No primeiro tempo, o
Botafogo foi mais à frente, teve mais posse de bola, mas pecou na qualidade do
passe, por isso não conseguia se organizar quando passava do meio de campo em
direção ao gol do Galo. O resultado disso foi que o gol do Belo acabou saindo
aos 28 minutos, por um lance de bola parada. Após cobrança de escanteio de
Fábio Neves, o goleiro Beto defendeu para o Treze, mas a bola sobrou na área e Éverton,
escalado como titular de última hora, após o desfalque de Thuran, converteu
para o Botafogo e garantiu a vitória do time pessoense.
O
lance de destaque do primeiro tempo foi o que resultou, aos 33 minutos, na
expulsão dos jogadores Hércules e Léo Breno, que se estranharam na pequena área
do Treze. Após ser empurrado, Hércules, volante alvinegro que voltava de
suspensão, esmurrou Léo Breno, zagueiro treziano. O episódio esquentou o clima
da partida e incendiou as torcidas. Contudo, com dez jogadores de cada lado e
com o campo muito grande, trabalhar o passe se mostrou ainda mais necessário e ainda
mais deficiente. Assim, a expulsão dos jogadores tornou ainda mais evidente as
debilidades técnicas dos dois times.
Na
segunda etapa, o jogo permaneceu tecnicamente sofrível, no entanto, um pouco
mais equilibrado. O Treze teve boas chances de empatar a disputa, mas por sorte
do time da casa, nenhuma delas se concretizou. Foi por pouco. Palhinha cobrou
uma falta no ângulo direito de Genivaldo, mas o goleiro, que jogou no
sacrifício, com dores no joelho, não aceitou e fez a melhor defesa da partida,
espalmando a bola para fora. Depois dos 16 minutos, o Bota melhorou e passou a
buscar mais o segundo gol, mas quando chegava à área adversária, no mano a
mano, faltava qualidade para as finalizações. Já no fim do jogo, Deivid
Modesto, lateral direito que estreava como reforço do Galo, soltou um chutaço no travessão. Acabara aí as
chances do clube campinense de levar pelo menos o empate para casa. Após o
último susto, a torcida botafoguense se inflamou e logo a festa tomou conta.
Torcedores, jogadores e comissão técnica respiraram aliviados, ao menos por hora,
pelo fato de o time ter voltado a vencer, afinal, chegar à fase final do
campeonato bem, ganhando, é importante para a autoestima dos jogadores, e será
determinante na sua postura dentro de campo.
O próximo desafio do Botafogo é
contra o CSP, na quinta-feira, no estádio da Graça. Já o Treze enfrenta o atual
líder da competição, o Auto Esporte, na quarta-feira, também na Graça.
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