O fator psicológico
por Edônio Alves
Chegado o final da segunda fase do campeonato paraibano (resta apenas a
última rodada do segundo turno), é hora de projetarmos
o que está por vir, no certame, agora que já se conhece ao menos um dos dois
confrontos do cruzamento olímpico que deve apontar os clubes finalistas da
competição.
Esse primeiro confronto já está definido desde a quinta-feira, quando o
Campinense venceu o Atlético, de Cajazeiras, por 1 a 0, ficando já com a
primeira colocação do segundo turno, uma vez que não pode mais ser superado por
nenhum clube na última rodada dessa fase classificatória do estadual. Tal
confronto é mesmo entre Treze e Campinense, ficando o Botafogo (vencedor do
primeiro turno) aguardando ainda seu
possível adversário para fechar o tal cruzamento olímpico. Estão ainda no páreo
para enfrentar o Botafogo, caso se classifiquem até a última rodada desta
segunda fase, o CSP, o Auto Esporte e o próprio Atlético, de Cajazeiras.
Dito isto, me atenho, a partir de agora, ao tema propriamente dito
desta coluna de hoje. Trata-se de um elemento fundamental no futebol, porém, às
vezes, um pouco negligenciado pelos treinadores das equipes desta modalidade
esportiva que tanto nos encanta e mobiliza. É o que chamo de fator psicológico
a atuar nos desempenhos exitosos ou fracassados dos times de futebol numa
competição.
Chamo atenção desse elemento, neste momento do campeonato estadual da
Paraíba, que se encaminha para a sua definição, porque ele é para mim a
principal variável da disputa a ser ainda trabalhada pelos quatro treinadores
que vão se enfrentar no cruzamento que vai apontar os dois melhores clubes do
Estado neste ano de 2013. Botafogo, Treze, Campinense e o quarto time ainda a
ser definido na última rodada, chegam para se enfrentar em momentos distintos
no que concerne ao fator psicológico necessário para dar o equilíbrio motivacional
ao futuro campeão da Paraíba.
Vou me ater, nesta coluna de hoje, apenas ao caso do Botafogo, que foi
o time que venceu sobrando o primeiro turno do campeonato e disputou a sua
segunda fase apenas fazendo testes no seu elenco, na tentativa de definir o
time ideal para enfrentar as quatro partidas finais (as duas do cruzamento
olímpico e as duas possíveis partidas finais da competição) em condições de
vencer seus adversários e se sagrar campeão estadual deste ano.
Trago o caso do Botafogo porque ele é paradigmático quanto à questão do
fator psicológico a ser trabalhado pela sua comissão técnica. Com um desempenho
irregular, vacilante às vezes, e até aquém das suas reais potencialidades
técnicas, o Botafogo fez esse segundo turno do estadual com a ideia de que ele
não valia nada (o que em parte é verdade, mas só em parte) em termos de
pontuação.
Realmente a sua pontuação no segundo turno só servia para disputar com
o Treze, por força do regulamento, a condição ser o melhor pontuado nas duas
primeiras fases do torneio, fato este que dará ao clube a condição de jogar com
dois resultados iguais (e ainda com a final em casa) se fizer a final contra o
próprio Treze. No mais, a única coisa a ser levada em conta pelo Botafogo,
neste segundo turno, era justamente o fator psicológico, uma vez que o seu
elenco tem que chegar para essas partidas finais com a motivação de quem quer
ser campeão.
Foi isso, com efeito, que balizou a orientação técnica dada ao time
pelo seu treinador, Marcelo Vilar, ao longo deste segundo turno. Testando
jogadores aqui e ali; variando a formação e o esquema táticos do time cá e lá;
recuperando técnica e psicologicamente suas peças principais ao longo desse
tempo todo, e, principalmente, trabalhando a cabeça dos jogadores para serem
decisivos nos momentos decisivos, Marcelo Vilar se expôs às críticas da
imprensa e a desaprovação de parte da torcida, mas não abriu mão de um
princípio fundamental: mostrar que o que estava em jogo nesta fase para o
Botafogo era a penas o fator psicológico com que o time deve enfrentar esta
fase final do Estadual.
A julgar pelo segundo tempo da última partida do Botafogo contra o
Atlético, no Almeidão, em que o técnico entrou com um time ainda para teste
finais e só no segundo tempo recolocou o verdadeiro Botafogo em campo, saí com
a seguinte conclusão, na vitória convincente da equipe por 2 a 0: não é que ele
teve sempre razão!!!
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