Alvíssaras à Raposa
feroz
A expressão com a qual inicio o título deste texto de hoje significa,
conforme preconiza o dicionário, "prêmio ou recompensa que se concede a
quem anuncia boas novas ou entrega coisa que se perdera". Foi a forma mais
adequada que encontrei de render aqui, neste espaço, minhas
homenagens à campanha do Campinense Clube, neste campeonato do Nordeste, cujas
partidas decisivas e finais se iniciam hoje, com o jogo entre o clube serrano e
o ASA de Arapiraca, nas Alagoas. A finalíssima mesmo acontece no próximo
domingo, em Campina Grande, com o jogo de volta entre esses mesmos dois clubes,
só que agora no estádio Amigão, a casa da Raposa da serra da Borborema, algo
que premia a sua melhor campanha no certame em comparação com o seu adversário.
Mas trago o nome do Campinense aqui, hoje, não apenas para
parabeniza-lo pelo fato de representar o futebol paraibano nesse feito inédito de
chegar às finais do principal torneio da região, o Campeonato do Nordeste, que
este ano está na sua décima edição e que vai, no próximo domingo, apresentar ao
Brasil o melhor time do futebol nordestino em atividade, neste primeiro
semestre do ano. Seja o ASA, da cidade de Arapiraca, em Alagoas, ou o
Campinense, de Campina Grande, na Paraíba, o fato é que a geopolítica do
futebol regional esse ano deu uma guinada e ao invés de destacar os estados de
Pernambuco e Bahia, que sempre dominaram as conquistas do Nordestão, apresenta,
ao invés, nesta temporada, os estados de Alagoas e da Paraíba como as unidades
federativas que melhor praticam o futebol profissional por essa parte do País.
E não é à toa, essa revelação de cenário novo que sairá das finais do
Campeonato do Nordeste.
Tanto o ASA quanto o Campinense são
clubes nordestinos cujas trajetórias históricas e tradição justificam e muito a
posição a que chegaram este ano, carregando consigo a história e a vacilante
tradição do futebol dos seus estados. É sobre este ponto que vou me deter
agora, deixando de lado o ASA de Arapiraca e tentando focar no nosso caso local
do Campinense Clube e do futebol paraibano, neste contexto regional.
O Campinense Clube foi fundado em
1915 como clube social na cidade de Campina Grande, mas só em 1954 é que o seu
departamento de futebol começou a funcionar de fato. O profissionalismo, no
entanto, só veio em 1958 e apenas em 1960 é que o clube disputou seu primeiro
campeonato estadual. A partir daí, ganhou seis campeonatos seguidos e tornou-se
o único hexacampeão do Estado, com uma sequência de títulos que joga na cara
dos adversários sempre que tentam diminuir a sua importância como clube de
futebol na Paraíba.
Além disso, o Campinense Clube foi também o
primeiro clube paraibano a disputar uma competição de caráter nacional: a Taça
Brasil de 1961. Onze anos depois, em 1972, venceu a então segunda divisão do
Campeonato Brasileiro e a partir daí seguiu a história de altos e baixos do
próprio futebol paraibano, história essa que se resume a médios e péssimos
momentos, seguindo uma curva de sinal que ora sobe, ora desce, conforme apontam
as atuações vacilantes dos seus dirigentes e administradores.
Vamos, contudo, ao ponto dessa curva
em que o Campinense está no momento e com ele mostrar as boas novas que este
fato parece conter se quisermos vislumbrar, a partir dele, um cenário melhor
para o futebol paraibano, no contexto nacional. É que alguns fatos, além desse,
conflui para isso, creio eu. Vamos a eles: se o Campinense vencer o Nordestão,
a Paraíba volta a contar no futebol brasileiro. Ademais, será, por isso mesmo,
forte candidato a disputar o estadual desse ano contra Treze e Botafogo, já
classificados para o quadrangular final do paraibano de 2013. O Treze já está
na série C do segundo semestre desse ano e o Botafogo, que tem hoje um time de
respeito - foi o campeão do primeiro turno do estadual invicto - só aguarda com
quem decidir o campeonato. Se vencer, estará na Série D do ano que vem junto
com a participação garantida no próximo Nordestão, mesmo que só seja
vice-campeão estadual.
No plano administrativo, o Governo
do Estado está reformando os nossos grandes estádios de futebol e dotando-os de
capacidade e condições de figurarem entre as boas praças de esporte do País. Os
dois principais mandatários do poder executivo estadual - o governador e o prefeito
da capital - são esportistas natos e torcedores do mesmo time, o Botafogo,
clube que está em ascensão e sob uma administração profissional de fato. Ou
seja: que este provável título do Campinense - se vier - seja um emblema mensageiro de boas novas
para o futebol do nosso Estado.
LEIA TAMBÉM EM:http://diariopb.com.br/category/colunas/coisas-de-futebol/
Nenhum comentário:
Postar um comentário