Com Graça ou sem graça
Por Edônio Alves
Os amigos internautas que acompanham esse blog não devem estranhar o título acima.
Ele não é para fazer rir nem para fazer chorar. É para fazer refletir; principalmente aos torcedores do Botafogo da Paraíba. O negócio é o seguinte:
iniciado o Campeonato Paraibano deste ano no domingo passado, eis que fui ao
estadinho da Graça para ver a estreia, na competição, do clube mais vezes
campeão paraibano, o Belo da capital, que há justos dez anos não sabe o que é
um título estadual.
Fui lá por duas razões: por deveres profissionais como jornalista e para
checar in loco o novo time do
Botafogo; aquele elenco escolhido a dedo pelo presidente Nelson Lira em
conjunto com a comissão técnica do clube, tendo à frente o competentíssimo
técnico Marcelo Vilar. O jogo foi contra o CSP, outro clube que cada vez mais
enche de orgulhos os torcedores de João Pessoa. Pois bem! Saí de lá com algumas
reflexões sobre as potencialidades reais de o Botafogo sair este ano da fila
dos clubes que há muito tempo amargam a falta de títulos em sua galeria de
troféus.
Hoje, chegamos já à terceira rodada do campeonato paraibano e, por isso
mesmo, aproveito a oportunidade do tempo decorrido entre a rodada de estreia e
essa para compartilhar aqui as minhas conclusões. O momento não poderia ser
melhor, uma vez que hoje se enfrentam os dois melhores elencos desta primeira
fase do certame: os jogadores do Botafogo contra os do Treze Futebol Clube, de
Campina Grande.
Não vi o Treze jogar ainda, mas duvido que o seu elenco atual se
equivalha ao do Botafogo, ao menos no papel, como se costuma dizer. Sobre o
elenco do Botafogo e o seu desempenho em campo - tema dessas minhas reflexões
de hoje -, posso já adiantar o seguinte: o time é muito técnico e muito rodado.
Tem jogadores com um título brasileiro nas costas, a exemplo do meia Sandro,
campeão nacional pelo Cruzeiro de Minas Gerais em 2003; e tem jogadores que já
atuaram na Seleção Brasileira principal, a exemplo do atacante Warley. E tem,
acima de tudo, um técnico muito experiente e competentíssimo, como já falei.
Completam a lista de somatórios e coadjuvantes jogadores que conhecem muito bem
o futebol nordestino e paraibano, exemplos do lateral Ferreira e do meia Doda
(ambos ex-Treze) e ainda do meia Fábio Neves, ex-Fluminense do Rio de Janeiro e
ABC, de Natal.
Então, o leitor deve estar se
perguntando, entre cético e esperançoso: "Mas e daí, isso é garantia do
título deste ano para o Botafogo?".
Pronto, eu cá lhe respondo, entre
judicativo e realista:
- Claro que não.
E cuido de emendar:
- Entretanto, pelo que vi do time
em campo, no estádio da Graça, na estreia do Paraibano e depois, na segunda
rodada contra o Nacional, só uma coisa esse ano tira o título estadual do Belo:
o próprio estádio da Graça.
Eu já explico essa minha conclusão lançando mão de um paradoxo.
É que as dimensões do campo do estadinho da Graça, no simpático bairro de
Cruz das Armas, atrapalham e muito o desempenho dos jogadores de um elenco como
este do Botafogo. É quase impossível se jogar futebol de forma técnica num
campo reduzidíssimo, como aquele. Trocar passes (principal fundamento do
futebol) naquele pequeno espaço é quase impraticável. Só o fundamento da
marcação é beneficiado por esta realidade. Ou seja: fica mais fácil defender
(destruir as jogadas) do que cria-las, uma vez que os jogadores ficam muito
próximos uns dos outros. Decorre disso que os times menos técnicos, que
dependem menos da habilidade dos seus jogadores e mais da força física (base
para a marcação), são mais beneficiados, reduzindo assim a diferença técnica de
time para time.
Concluindo: jogando fora dos seus verdadeiros domínios, que incluem o
estádio Almeidão (fechado para reformas), o Botafogo deste ano - para ter o
estado de graça de ser campeão - precisa não ter o Estádio da Graça, como seu
campo de jogo. Ou, então, tem que superar tudo, com Graça ou sem graça. Vamos ver!
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