O futebol como um fenômeno da cultura brasileira

As coisas só acontecem por acaso, necessidade ou vontade nossa! Epicuro - filósofo.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Campeonato Paraibano_ANÁLISE


Com Graça ou sem graça

 

Por Edônio Alves
 

Os amigos internautas que  acompanham esse blog não devem estranhar o título acima. Ele não é para fazer rir nem para fazer chorar. É para fazer refletir; principalmente aos torcedores do Botafogo da Paraíba. O negócio é o seguinte: iniciado o Campeonato Paraibano deste ano no domingo passado, eis que fui ao estadinho da Graça para ver a estreia, na competição, do clube mais vezes campeão paraibano, o Belo da capital, que há justos dez anos não sabe o que é um título estadual.

Fui lá por duas razões: por deveres profissionais como jornalista e para checar in loco o novo time do Botafogo; aquele elenco escolhido a dedo pelo presidente Nelson Lira em conjunto com a comissão técnica do clube, tendo à frente o competentíssimo técnico Marcelo Vilar. O jogo foi contra o CSP, outro clube que cada vez mais enche de orgulhos os torcedores de João Pessoa. Pois bem! Saí de lá com algumas reflexões sobre as potencialidades reais de o Botafogo sair este ano da fila dos clubes que há muito tempo amargam a falta de títulos em sua galeria de troféus.

Hoje, chegamos já à terceira rodada do campeonato paraibano e, por isso mesmo, aproveito a oportunidade do tempo decorrido entre a rodada de estreia e essa para compartilhar aqui as minhas conclusões. O momento não poderia ser melhor, uma vez que hoje se enfrentam os dois melhores elencos desta primeira fase do certame: os jogadores do Botafogo contra os do Treze Futebol Clube, de Campina Grande. 

Não vi o Treze jogar ainda, mas duvido que o seu elenco atual se equivalha ao do Botafogo, ao menos no papel, como se costuma dizer. Sobre o elenco do Botafogo e o seu desempenho em campo - tema dessas minhas reflexões de hoje -, posso já adiantar o seguinte: o time é muito técnico e muito rodado. Tem jogadores com um título brasileiro nas costas, a exemplo do meia Sandro, campeão nacional pelo Cruzeiro de Minas Gerais em 2003; e tem jogadores que já atuaram na Seleção Brasileira principal, a exemplo do atacante Warley. E tem, acima de tudo, um técnico muito experiente e competentíssimo, como já falei. Completam a lista de somatórios e coadjuvantes jogadores que conhecem muito bem o futebol nordestino e paraibano, exemplos do lateral Ferreira e do meia Doda (ambos ex-Treze) e ainda do meia Fábio Neves, ex-Fluminense do Rio de Janeiro e ABC, de Natal.

            Então, o leitor deve estar se perguntando, entre cético e esperançoso: "Mas e daí, isso é garantia do título deste ano para o Botafogo?".

            Pronto, eu cá lhe respondo, entre judicativo e realista:

            - Claro que não.

E cuido de emendar:

-  Entretanto, pelo que vi do time em campo, no estádio da Graça, na estreia do Paraibano e depois, na segunda rodada contra o Nacional, só uma coisa esse ano tira o título estadual do Belo: o próprio estádio da Graça.

Eu já explico essa minha conclusão lançando mão de um paradoxo.

É que as dimensões do campo do estadinho da Graça, no simpático bairro de Cruz das Armas, atrapalham e muito o desempenho dos jogadores de um elenco como este do Botafogo. É quase impossível se jogar futebol de forma técnica num campo reduzidíssimo, como aquele. Trocar passes (principal fundamento do futebol) naquele pequeno espaço é quase impraticável. Só o fundamento da marcação é beneficiado por esta realidade. Ou seja: fica mais fácil defender (destruir as jogadas) do que cria-las, uma vez que os jogadores ficam muito próximos uns dos outros. Decorre disso que os times menos técnicos, que dependem menos da habilidade dos seus jogadores e mais da força física (base para a marcação), são mais beneficiados, reduzindo assim a diferença técnica de time para time.

Concluindo: jogando fora dos seus verdadeiros domínios, que incluem o estádio Almeidão (fechado para reformas), o Botafogo deste ano - para ter o estado de graça de ser campeão - precisa não ter o Estádio da Graça, como seu campo de jogo. Ou, então, tem que superar tudo, com Graça ou sem graça. Vamos ver!


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