O futebol como um fenômeno da cultura brasileira

As coisas só acontecem por acaso, necessidade ou vontade nossa! Epicuro - filósofo.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Campeonato Paraibano 2013_ANÁLISE


O Belo e o feio

Por Edônio Alves

 
Eu já havia falado aqui, num outro momento, quando tratava dos fatores estruturais que demandam a administração do futebol enquanto um esporte profissional inserido no mundo do espetáculo de massas, que o planejamento, a organização e o talento, juntos, são os itens essenciais mínimos com os quais se deve gerenciar esse rentável negócio em que se transformou o esporte moderno. E quando falo em negócio rentável, me refiro justamente ao resultado advindo da operação gerencial correta envolvendo justamente o planejamento adequado, a organização que preveja e corrija eventuais erros, e o talento, colocado a serviço da atividade esportiva.
            Em se tratando do futebol profissional, então, essa operação acima tem que ser feita dentro do mais rigoroso espírito ético do mundo dos negócios.
Pois bem! encerrando, neste domingo, a primeira etapa da sua primeira fase, o campeonato paraibano de futebol profissional deste ano se desenrola com algumas novidades, nesse âmbito, que vale a pena comentarmos aqui. A primeira delas é o descompasso entre as poucas atitudes profissionais de uns - estes, infelizmente a minoria no setor - e os gritantes comportamentos amadores de outros - infelizmente, a maioria que infesta a área no Estado da Paraíba. Aquilo que resolvi chamar genericamente do belo e do feio que está acontecendo dentro do certame estadual, na sua edição deste ano.
Começando pelo belo, invoco justamente os exemplos do Belo, o Botafogo da Paraíba, clube que com uma gerência administrativa mais profissional, vem dando os bons exemplos do campeonato até aqui. Exemplos no campo da organização, já que foi o clube que mais cedo e melhor contratou para a participação no campeonato; exemplos no campo do planejamento, já que a nova diretoria iniciou os seus trabalhos na área administrativa do clube, com o fito de zerar suas pendências financeiras e cacifar seus cofres no futuro breve, para adquirir potencialidade de investimentos pesados em grandes talentos (jogadores que de fato deem densidade ao time e à marca Botafogo-PB) e exemplos no bom uso dos talentos, uma vez que, já neste campeonato, contratou jogadores de qualidade que vem dando demonstrações, em campo, do velho e bom futebol que o torcedor paraibano há muito não via nos nossos estádios.
Foi o Botafogo que também consertou um mal que vinha destorcendo a credibilidade do nosso futebol perante os potenciais patrocinadores (e mesmo dos torcedores) e que consistia na mutreta dos dirigentes em maquiar os borderôs das rendas, para escondê-las das garras dos órgãos públicos a quem devem sistematicamente e não serem captados pela justiça trabalhista. Nesse campo, o Botafogo está sobrando em organização, ao apresentar em tempo hábil, conforme exige o estatuto do torcedor, a renda completa dos seus jogos, incluindo público pagante, não pagante, ingressos vendidos antecipadamente e entradas adquiridas nas bilheterias dos jogos.
Vale lembrar também, neste lado do belo gerenciamento, a aposta que a Chevrolet do Brasil fez em patrocinar o paraibano deste ano, disponibilizando o sorteio de dois automóveis para os torcedores que forem aos estádios. Isso por si só é a sinalização que o mercado local do futebol dá em termos de reconhecer as suas potencialidades comerciais, caso o setor seja bem e profissionalmente gerenciado. Um fruto positivo disso já se nota no âmbito da comunicação esportiva: novos departamentos esportivos ressurgiram no rádio paraibano.
Por outro lado - o lado do feio -, nota-se ainda a repetição de lamentáveis episódios derivados da falta de organização do setor. Fatos como o atraso de uma ambulância para assistir à partida entre Cruzeiro de Itaporanga e Auto Esporte, na quarta-feira; a própria aprovação daquele campo de jogo da cidade onde a precariedade estrutural fez com que um torcedor acertasse uma pedrada na cabeça do assistente de arbitragem na partida, o bandeirinha cajazeirense Júlio César, um mal exemplo de violência contra o próprio futebol, que deve ser punido com rigor, e o atraso na recuperação das grandes praças esportivas do Estado, são ainda notas reprováveis na administração de um setor importante para o desenvolvimento da própria Paraíba, uma vez que o futebol profissional é um negócio estratégico e rentável, se for entendido como deve ser: um ramo de atividades que movimenta toda uma cadeia produtiva que envolve o mundo do trabalho, dos serviços e do lazer dos cidadãos.
 

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