O Belo e o feio
Por Edônio Alves
Eu já havia falado aqui, num outro momento, quando tratava dos fatores
estruturais que demandam a administração do futebol enquanto um esporte
profissional inserido no mundo do espetáculo de massas, que o planejamento, a
organização e o talento, juntos, são os itens essenciais mínimos com os quais
se deve gerenciar esse rentável negócio em que se transformou o esporte
moderno. E quando falo em negócio rentável, me refiro justamente ao resultado
advindo da operação gerencial correta envolvendo justamente o planejamento
adequado, a organização que preveja e corrija eventuais erros, e o talento,
colocado a serviço da atividade esportiva.
Em se tratando do futebol
profissional, então, essa operação acima tem que ser feita dentro do mais
rigoroso espírito ético do mundo dos negócios.
Pois bem! encerrando, neste domingo, a primeira etapa da sua primeira
fase, o campeonato paraibano de futebol profissional deste ano se desenrola com
algumas novidades, nesse âmbito, que vale a pena comentarmos aqui. A primeira
delas é o descompasso entre as poucas atitudes profissionais de uns - estes,
infelizmente a minoria no setor - e os gritantes comportamentos amadores de
outros - infelizmente, a maioria que infesta a área no Estado da Paraíba. Aquilo
que resolvi chamar genericamente do belo e do feio que está acontecendo dentro
do certame estadual, na sua edição deste ano.
Começando pelo belo, invoco justamente os exemplos do Belo, o Botafogo da
Paraíba, clube que com uma gerência administrativa mais profissional, vem dando
os bons exemplos do campeonato até aqui. Exemplos no campo da organização, já
que foi o clube que mais cedo e melhor contratou para a participação no
campeonato; exemplos no campo do planejamento, já que a nova diretoria iniciou
os seus trabalhos na área administrativa do clube, com o fito de zerar suas
pendências financeiras e cacifar seus cofres no futuro breve, para adquirir
potencialidade de investimentos pesados em grandes talentos (jogadores que de
fato deem densidade ao time e à marca Botafogo-PB) e exemplos no bom uso dos
talentos, uma vez que, já neste campeonato, contratou jogadores de qualidade
que vem dando demonstrações, em campo, do velho e bom futebol que o torcedor
paraibano há muito não via nos nossos estádios.
Foi o Botafogo que também consertou um mal que vinha destorcendo a
credibilidade do nosso futebol perante os potenciais patrocinadores (e mesmo
dos torcedores) e que consistia na mutreta dos dirigentes em maquiar os
borderôs das rendas, para escondê-las das garras dos órgãos públicos a quem
devem sistematicamente e não serem captados pela justiça trabalhista. Nesse
campo, o Botafogo está sobrando em organização, ao apresentar em tempo hábil,
conforme exige o estatuto do torcedor, a renda completa dos seus jogos,
incluindo público pagante, não pagante, ingressos vendidos antecipadamente e
entradas adquiridas nas bilheterias dos jogos.
Vale lembrar também, neste lado do belo gerenciamento, a aposta que a
Chevrolet do Brasil fez em patrocinar o paraibano deste ano, disponibilizando o
sorteio de dois automóveis para os torcedores que forem aos estádios. Isso por
si só é a sinalização que o mercado local do futebol dá em termos de reconhecer
as suas potencialidades comerciais, caso o setor seja bem e profissionalmente
gerenciado. Um fruto positivo disso já se nota no âmbito da comunicação
esportiva: novos departamentos esportivos ressurgiram no rádio paraibano.
Por outro lado - o lado do feio -, nota-se ainda a repetição de
lamentáveis episódios derivados da falta de organização do setor. Fatos como o
atraso de uma ambulância para assistir à partida entre Cruzeiro de Itaporanga e
Auto Esporte, na quarta-feira; a própria aprovação daquele campo de jogo da
cidade onde a precariedade estrutural fez com que um torcedor acertasse uma
pedrada na cabeça do assistente de arbitragem na partida, o bandeirinha
cajazeirense Júlio César, um mal exemplo de violência contra o próprio futebol,
que deve ser punido com rigor, e o atraso na recuperação das grandes praças
esportivas do Estado, são ainda notas reprováveis na administração de um setor
importante para o desenvolvimento da própria Paraíba, uma vez que o futebol
profissional é um negócio estratégico e rentável, se for entendido como deve
ser: um ramo de atividades que movimenta toda uma cadeia produtiva que envolve
o mundo do trabalho, dos serviços e do lazer dos cidadãos.
VER MINHA COLUNA DOMINICAL EM: http://jornalauniao.blogspot.com.br/
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