O futebol como um fenômeno da cultura brasileira

As coisas só acontecem por acaso, necessidade ou vontade nossa! Epicuro - filósofo.

domingo, 28 de abril de 2013

Futebol e Literatura_ANÁLISE


Sua majestade, o pênalti

 
por Edônio Alves


Resolvi tratar hoje aqui de um tema não muito usual para uma coluna semanal sobre futebol: a relação deste esporte com a literatura. É que pesquiso esse assunto há um certo tempo e de vez em quando me flagro constatando na vida real situações estudadas por mim nas histórias de ficção produzidas pelos craques da literatura. Notadamente, é bom que se diga, quando essas histórias versam sobre questões ligadas ao universo do futebol. Este é o caso, portanto, do que vou contar a seguir.
 
Tomemos como exemplo, neste sentido, o escritor Flávio Carneiro e conheçamos um pouco da sua história. Ele nasceu em Goiânia, em 1962, e mudou-se para o Rio de Janeiro no início dos anos de 1980. Escritor, crítico literário, roteirista e professor de literatura da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), publicou doze livros e escreveu dois roteiros para cinema. Como ficcionista, é autor de um livro de contos, três romances e cinco novelas para crianças e jovens.
 
 Participou também de algumas antologias, como “Os cem menores contos brasileiros do século”, organizada pelo escritor Marcelino Freire, com o mini-conto, Na sala de espelhos, e “22 contistas em campo”, organizada por Flávio Moreira da Costa, com o conto, Penalidade Máxima.
 
É também professor de graduação e pós-graduação em literatura brasileira e comparada, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde leciona desde 1995 e seu mais recente livro publicado, que trata especialmente sobre futebol, intitula-se, Passe de letra: futebol & literatura, editado pela Editora Rocco do Rio de Janeiro, em 2009.
 
Como já disse, Carneiro é autor do conto, Penalidade máxima, que está publicado no livro 22 contistas em campo, organizada por Flávio Moreira da Costa e publicado pela Ediouro, do Rio de Janeiro, em 2006.
 
Esta narrativa intenta captar e transmitir para o leitor um dos momentos mais concentrados do futebol em termos de economia de meios, o que significa, na prática do jogo da bola, a convergência radical de estratégias técnicas pessoais, o domínio das emoções controladas e a confluência de expectativas díspares quanto ao seu desfecho: a batida de um pênalti por parte de um jogador encarregado de cobrá-lo, como se diz no vocabulário futebolístico especializado.
 Enquanto fato de efetivação estética na composição literária, esse momento crucial do jogo é abordado nesta história, por parte do narrador, a partir do ponto de vista de um jogador de 21 anos que tem nas mãos a oportunidade única de resolver para si, num único, preciso e irrepetível instante, duas questões a ele correlatas: dar a vitória ao seu time no campeonato de futebol de várzea que disputa como artilheiro e jogador de destaque e, à mesma feita, encetar uma vingança pessoal contra o goleiro adversário por quem supostamente sua garota se enamorara, num vislumbre de puro alumbramento da parte dela, percebido por ele, dentro do gramado do jogo.
Ser uma percuciente análise subjetiva da interioridade humana quando exposta a casos particulares de momentos decisivos é o mérito maior desta narrativa de ficção que encontra no futebol seu meio adequado de expressão.
Pois bem! Trouxe o tema aqui porque na semana passada, vi em dois jogos de futebol da vida real essa questão central do pênalti ser colocada para dois clubes e alguns dos seus jogadores. O primeiro deles foi a partida entre Auto Esporte e Treze, válida pela 8ª rodada do campeonato Paraibano. O segundo jogo foi entre Campinense e Sampaio Correia, pela Copa do Brasil. Nos dois casos, o pênalti foi o que decidiu o destino dos combatentes da peleja da bola.
O Campinense venceu o Sampaio Correia por pênaltis após este time ter perdido um pênalti no final do tempo regulamentar. O placar final do jogo foi 7 a 6 para o Campinense após a cobrança da série de pênaltis que desempataria o resultado agregado de dois jogos: uma vitória para cada time nos jogos de ida e volta. Já o Auto Esporte tomou uma goleada de 3 a 0 para o Treze, após perder um pênalti aos 8 minutos iniciais da partida com o rival. Por causa disso, perdeu o equilíbrio e a concentração psicológica do jogo e não conseguiu fazer mais nada a não ser, ver o adversário jogar.
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