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CBF, os maus dirigentes e a Copa do Brasil
Na semana passada, tratei aqui da irresponsabilidade da
Federação Paraibana de Futebol (FPF) em indicar o segundo clube paraibano para
a Copa do Brasil deste ano, o CSP, de forma irregular. Mostrei o absurdo de uma
entidade que gerencia o futebol de um Estado da Federação não conhecer sequer
os regulamentos e as normas que emanam da sua entidade maior, a CBF, no que diz
respeito ao ordenamento jurídico a ser seguido nas competições que organiza.
Fiz isso para mostrar ao torcedor de futebol o quanto é
amador e antiprofissional o modo como os nossos dirigentes do setor lidam com a
área em questão: um âmbito da indústria do lazer e da comunicação de massa que
movimenta anualmente, no Brasil, bilhões de reais e emprega milhares de pessoa
movimentando a nossa economia e mexendo com nossas emoções, sonhos e ideais
mais recônditos.
Pois bem! O retrato que tracei do absurdo cometido pela
FPF contra o CSP, o nosso futebol, e, por extensão, a nossa própria imagem como
Estado da Federação, pasmem, não é apenas um três por quatro pequeno e desbotado.
Ele é tem uma dimensão bem maior e flagra uma paisagem abrangente que não
apenas inclui federações de futebol de estados pequenos do País, mas, também, a
própria entidade maior do nosso futebol: a Confederação Brasileira de Futebol-
CBF.
Não sei se vocês sabem, mas a Copa do Brasil desse ano,
ampliada de 64 para 84 clubes, tem uma peculiaridade em relação às edições
anteriores: inclui uma fase preliminar que vai ser realizada até o ano de 2015,
em função de um erro cometido pela CBF. Esta fase do torneio existe para
corrigir uma falha cometida pela entidade ainda em 2012 e impedir que a Copa do
Brasil de 2013 fosse parar nos tribunais.
O negócio é o seguinte: em maio do ano passado, a
entidade enviou um documento às federações dando as diretrizes para a temporada
atual. Com a determinação em mãos, a Federação de Futebol do Espírito Santo se
planejou para ter duas vagas na Copa do Brasil, como de costume. No entanto, o novo
ranking das federações divulgado no fim do ano mostrou que o estado havia
perdido uma das vagas para o Acre.
Todavia, já estava determinado pelo regulamento que o
campeão da Copa do Espírito Santo (equivalente a nossa Copa Paraíba), no caso,
a Desportiva, teria lugar na competição nacional. Por outro lado, a Federação
de Futebol do Acre, com base no novo ranking, deu o direito ao vice-campeão
estadual, o Atlético Acreano. Para evitar que os dois clubes entrassem na
justiça pelo direito de jogar a competição, a CBF entrou em acordo com as duas
federações e criou a fase preliminar, que existirá até 2015.
Essa
fase preliminar consistiu, esse ano, numa série de dois jogos entre a
Desportiva, do Espírito Santos, e o Atlético Acreano, para se saber quem ao final
entraria para Copa do Brasil. Quem levou a melhor nas disputas foi a Desportiva-ES,
que venceu, na primeira partida, o Atlético-AC, por 5 a 1, e perdeu a segunda
por 4 a 1, ficando com a vaga pelo saldo de gols.
Como
se vê, a solução foi mais uma vez um acordo entre os dirigentes para que se
evitasse os desdobramentos jurídicos de mais um erro de gerenciamento do nosso
futebol. Lembro, a propósito, que foi justamente um erro assim que fez o Treze
ir à Justiça Comum buscar seu direito de entrar na Série C do Brasileirão do
ano passado. Parece que de erro em erro; de incompetência em incompetência é
que é feito o nosso futebol. É esse futebol que vai realizar uma Copa do Mundo
em 2014, tenho dito.
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