Das incompetências, dos
erros e dos direitos
Esta coluna é testemunha do quanto já tratei aqui do elevado grau de
incompetência que grassa no âmbito administrativo e gerencial do futebol
paraibano. Volto ao tema outra vez não por gostar da crítica pela crítica em si,
mas, sim, por dever de ofício mesmo, uma vez que as entidades que administram o
futebol do nosso Estado não cansam de fazer besteira. A última delas todos já
sabem e é impossível ficar calado diante de tanto despautério e falta de zelo
para com as coisas do nosso futebol. Trata-se do grave erro cometido pela
Federação Paraibana de Futebol ao indicar o CSP como segundo clube representante
da Paraíba na Copa do Brasil, certame do futebol nacional que iniciou na última
quarta-feira.
O negócio é o seguinte: a Paraíba tem direito a duas vagas na Copa do
Brasil, conforme estipula o regulamento da competição. A primeira é destinada
automaticamente ao campeão estadual do ano anterior à edição em vigência, que,
no caso, é o Campinense Clube, por ser o atual campeão paraibano, título
conquistado em 2012. A segunda vaga da Paraíba - também estipula o regulamento
da Copa do Brasil - deve ser dada o vice-campeão estadual do ano anterior ou
vir oriunda de torneio seletivo criado especialmente para este fim com a
participação de um mínimo de quatro clubes concorrentes.
O torneio seletivo especial para este fim, realizado no ano passado
pela FPF, chama-se Copa Paraíba, e, por desistência de alguns clubes na última
hora, só contou com apenas três participantes: Treze, Botafogo e CSP, o
vencedor do torneio. Ocorre que a Federação Paraibana de Futebol realizou a
Copa Paraíba sem observar a legislação precípua da CBF sobre estas competições,
fato em si mesmo grave e desabonador para uma entidade cuja prerrogativa máxima
é trabalhar na estrita observância da sua entidade superior, a própria CBF. Neste
caso, a legislação específica da CBF exigia a participação mínima de quatro
clubes na Copa Paraíba, o que foi desrespeitado pela entidade máxima do futebol
no nosso Estado.
Sabendo disso, isto é, da irregularidade clara na indicação do CSP para
a segunda vaga, o Sousa viu-se no direito de pleitear a ocupação dessa vaga na
Copa do Brasil deste ano, uma vez que é o próprio regulamento que assim lhe
faculta. Se não, vejamos, na própria letra da norma, resumida aqui ao trecho
essencial:
"Art. 2º - Os
critérios técnicos de participação dos clubes na Copa são os seguintes (...):
§ 4º - Para
identificação do grupo dos 70 clubes, objeto do critério 2, deverá ser necessariamente
obedecida a seguinte sequência de chamadas dos clubes:
1ª chamada: os clubes campeões de cada
campeonato estadual/Distrito Federal (1ª vaga);
2ª chamada: os clubes
vice-campeões da cada campeonato estadual/Distrito Federal dentre os estados
posicionados de 1 a 22 no RNF (2ª vaga)".
Explicando
melhor: essa segunda chamada dos clubes que integrarão o grupo dos times
selecionados pelos estados cujas federações estão entre 15º e 22º lugar no
ranking da CBF (a FPF é 16ª desse ranking) é automática, se cada federação
estadual quiser. A que não quiser, poderá realizar um torneio seletivo para
indicar o segundo time do seu estado, desde que de tal torneio participe pelo
menos quatro clubes. Como se viu, não foi o que aconteceu com Copa Paraíba do
ano passado. O direito do Sousa, portanto é pleno e líquido, conforme
reconheceu, na última quinta-feira, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva
da CBF. Segundo o relator do processo, o procurador Paulo Schmitt, a
federação da Paraíba errou "ao indicar o CSP para a Copa do Brasil”. Esse
entendimento obteve 6 votos contra 1 e a decisão a favor do Sousa é irrevogável
porque é de instância superior e definitiva.
Com
isso, o grande prejudicado no imbróglio é o CSP já que o clube não tem nada a
ver com as irresponsabilidades da FPF. O clube agiu de boa fé ao disputar e
vencer a Copa Paraíba e, agora, é o caso até de poder entrar na Justiça Comum contra
a Federação para obter ressarcimento das perdas e danos causados a ele com o
afastamento da competição nacional. No mais, resta dizer que a Paraíba está
ficando gradualmente marcada no cenário nacional como o estado cujos clubes
mais entram na Justiça (desportiva ou comum) para reaver perdas de direitos
ocasionadas pela ação incompetente dos dirigentes do seu futebol.
VER TAMBÉM EM: http://jornalauniao.blogspot.com.br/
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