O futebol como um fenômeno da cultura brasileira

As coisas só acontecem por acaso, necessidade ou vontade nossa! Epicuro - filósofo.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sob nova direção

BOTAFOGO APRESENTA SUA NOVA DIRETORIA
E OS PLANOS PARA O CLUBE EM 2011
A nova diretoria do Botafogo Futebol Clube, eleita para o biênio 2011 e 2012, tomou posse ontem (quinta-feira, 11), numa solenidade em que apresentou todos os seus membros e detalhou os planos do clube para o ano que vem, quando a equipe do Belo disputará três competições: o Campeonato Paraibano, o Campeonato do Nordeste e a Copa do Brasil. Na ocasião, também foram apresentados os primeiros reforços do time para o próximo ano. Estiveram presentes na solenidade, a maioria dos diretores que farão parte dessa nova gestão dos negócios do clube. 

Sérgio Meira (esq), presidente Roberto Burity (centro) e o ex Alcedo Gomes
NOVA DIRETORIA:
Presidente: Roberto Burity
Vice presidente: Tico Gomes
Vice presidente administrativo: Sérgio Meira
Vice presidente de futebol: Domiciano Cabral
Vice presidente de patrimônio: Oddo Villar
Sub-diretores adjuntos: Francisco Silva, Raimundo Nóbrega e Cássio Sousa
Sub-diretor de patrimônio: Hermano Gomes
Vice presidente de finanças: Nivaldo Garcia
Vice presidente jurídico: Luís Augusto Crispim
Vice presidente de futebol amador: João Batista
Quanto ao planejamento do time para o ano que vem, a nova diretoria apresentou à imprensa os nomes dos atletas de que já dispõe no elenco, além da contratação de quatro novos jogadores para compor o novo time do Belo. A intenção da nova diretoria é montar um time com uma base técnica formada por jogadores que vêm atuando no clube há mais de um ano, sustentada por alguns nomes que venceram a Copa Paraíba de 2010, com uma nítida valorização da chamada “prata da casa”. Assim, dos dezenove jogadores apresentados para figurar no próximo elenco do Botafogo, oito são oriundos das categorias de base do clube. Para comandar esse novo elenco, ainda em formação, segundo a nova diretoria, a principal decisão tomada foi a permanência do atual técnico Francisco Diá, como chefe da comissão técnica.

Veja a lista do novo elenco (19 nomes) confirmado até a data de ontem:

Goleiros: Genivaldo, Andrezo e David
Laterais: Paulo Geovanni e Rogerinho
Zagueiros: Ricardo Mamborê, Alisson, Valterlan e Henrique
Volantes: Sorato, Célio e Ivan
Meio campo: Chapinha e Miltinho
Atacantes: Adão, Paulinho Macaíba, Matias, Vandeilson e Edmundo

ANÁLISE:

Fazer futebol pressupõe lidar com as variáveis de uma equação muito simples: dinheiro, talento, planejamento e organização. A despeito do clima de otimismo verificado ontem, por ocasião da posse da nova diretoria do Botafogo, que anunciou os planos para a equipe em 2011, é necessário refletirmos um pouco sobre os termos dessa equação à luz do seu entendimento (ou falta dele) pela atual diretoria do Botafogo.
No item dinheiro, parece que as coisas vão bem, a julgar pelas palavras do diretor Raimundo Nóbrega, que fez um balanço das despesas e receitas do clube, além das perspectivas de captação de recursos com as competições de maior porte de que o Botafogo vai tomar parte, a exemplo da Copa do Brasil e Campeonato do Nordeste, torneios que agregarão valores (pecuniário e de visibilidade) ao time da capital. Nas três variáveis restantes (talento, planejamento e organização) é que as coisas há muito tempo não andam muito bem pelo lado do Botafogo. E isso, devido a uma prática rotineira e crônica da qual pouquíssimos dirigentes que estiveram à frente do Clube conseguiram sair: falo da visão amadorística e pouco profissional que, de resto, sempre grassou em todos os setores do futebol paraibano.
Vamos lá, analisando item a item. Talento: com a existência do item anterior (o dinheiro), esse é o principal valor a ser agregado a uma equipe de futebol. E isso desde os membros da diretoria, comissão técnica (treinador, preparador físico, fisiologista etc) até, e principalmente, os jogadores, que devem ser escolhidos mediante critérios rigorosos de potencialidade técnica, comprometimento com o projeto do clube e consciência disciplinar, a abonar seus currículos analisados. Então, o que se tem nesse item, no atual botafogo? Uma diretoria com membros vacilantes, que ora dizem uma coisa e ora outra, em sentido contrário, a demonstrar fraqueza e pouca convicção quanto aos projetos que diz encampar; uma superposição de cargos e funções danosa a uma gerência minimamente profissional (a existência de um diretor de futebol, Giancarlos Dantas, e um supervisor de futebol, leia-se o empresário de jogadores, João Maria Belmont, que em princípio tem funções conflitantes (quem manda em quê - até onde vai ingerência de um e a do outro na definição da aquisição de jogadores, por exemplo?).
O item comissão técnica: numa avaliação equivocada, paroquial e caseira, portanto pouco profissional, a diretoria optou por ficar com um treinador que quase perde um título antecipadamente ganho - dada a eloqüente superioridade técnica do seu time ante os demais (o Belo tinha os melhores e mais experientes jogadores acima de 21 anos na Copa Paraíba) – ao invés de substituí-lo por um profissional mais experiente e sem ligações claras com empresários de jogadores, figuras que à sombra das quatro linhas, “escalam e desescalam” jogadores, mediante a complacência interessada de treinadores comprometidos com negócios dúbios e, portanto, obscuros. Veja-se os casos dos jogadores Ricardo Miaranda e Manu, que foram escanteados pela atual comissão técnica do Botafogo sem explicações plausíveis à torcida e sob a anuência omissa da diretoria anterior.
Agora, quanto aos novos nomes anunciados. Nada de novo, meu caro torcedor. Miltinho, Rogerinho e Henrique são nomes batidos e rebatidos no cenário futebolístico do Nordeste. E com um agravante: além de não agregarem maior valor à equipe, que deveria incluir nomes de peso para demonstrar o desejo de impor hegemonia desejável já com os nomes que entram em campo, ainda contribuem com um fator extremamente danoso na configuração do futebol moderno: a média de idade alta dos jogadores, o que inferiorizam as equipes já de entrada, nas disputas com equipes mais jovens. Veja-se o exemplo da Seleção Brasileira que foi á África do Sul e se saberá o que digo. Lembro que o Botafogo passa a contar, agora, com os jogadores, Miltinho, 33 anos; Edmundo, 41, e Rogerinho, já na casa dos 30. Para compensar, haverá quem ressalve, existem os jovens jogadores da base. Certo, digo eu. Mas esses jogadores são ainda muito inexperientes para ter jogado sobre os seus ombros as responsabilidades que deveriam caber aos atletas mais dotados de técnica e de experiência. A permanência de um bom número de atletas da base foi um acerto, mas esse recurso isolado se torna inócuo e pouco profícuo.
E aí vem a importância dos dois últimos itens da equação apontados lá em cima: planejamento e organização. A atual diretoria ainda não deixou claro qual o projeto do clube para o ano de 2011. Se é, por exemplo, vencer o Campeonato Paraibano para entrar na série D e voltar ao cenário nacional, auferindo visibilidade e, com isso, atraindo mais investimentos através de patrocinadores; se é fazer um bom Campeonato do Nordeste lutando pelo título, para fortalecer seu caixa com o dinheiro embolsado com os patrocinadores da competição (e não apenas tentar fugir do humilhante rebaixamento como a experiência desse ano) ou se é fazer uma boa Copa do Brasil para ficar na história do clube, ao contrário do seu foco recorrente em renda furtiva com apenas um jogo contra equipes grandes, estratégia errada e mal intencionada de todas as diretorias anteriores. Sobre estes pontos, a atual diretoria não se pronunciou. Ou quando o fez; foi vacilante e sem convicção alguma, algo que aponta justamente para a falta de projeto, isto é, de planejamento. Ainda nesse item, falta ao Botafogo – e isso é uma lacuna histórica – a criação urgente de um departamento de marketing, com profissionais competentes que possam recriar o valor do clube grande que é, o melhor da capital e, por isso, com todas as potencialidades de se firmar como o melhor do Estado, sendo a referência direta do nosso futebol no cenário nacional. Nesse campo, a atual situação do Belo é vergonhosa. Não tem assessoria de imprensa séria; não tem uma política de valorização dos seus produtos e marcas; não tem sequer um site decente na internet para divulgar a sua imagem e história. Tudo isso tem a ver com organização, que, por sua vez, tema a ver com planejamento, que por sua vez, tem a ver com talento, que por sua vez tem a ver com dinheiro cuja escassez e falta sempre serviu de desculpas para não se fazer o que deveria ser feito. Agora, não há mais desculpas: o dinheiro existe. A torcida do Botafogo espera – e torce muito – para que se feche a equação. João Pessoa e a Paraíba merecem ter um clube de futebol que seja profissional de verdade. E para um clube grande, há que se pensar grande!



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