Mãe é mãe e estrela é estrela
POR Edônio Alves
A frase acima é um pouco insólita
para servir de título de uma coluna sobre futebol, mas ela tem lá sua validade.
E o leitor, com certeza, logo entenderá o porquê. É que a sentença traz à tona
dois dos maiores símbolos de harmonia, ventura, sorte, sucesso, com que a
natureza nos presenteou.
Já explico. Estava eu numa conversa
prazerosa com um dos maiores ídolos do Botafogo da Paraíba de todos os tempos,
o meia Magno, quando ele me contou uma história de futebol que eu não conhecia
e que resolvi trazer aqui para vocês para que o caso se perpetue na memória do
torcedor botafoguense. Antes, contudo, deixem que eu apresente as
circunstâncias de tal conversa, uma vez que ela talvez explique tudo muito mais
do que o papo em si, transcorrido entre sorrisos frouxos e gargalhadas de ambas
as partes.
Momentos antes da primeira partida
entre Botafogo-PB e Tiradentes-CE, transcorrida no estádio Almeidão, aqui em
João Pessoa, num tira-teima para se saber qual dos dois times terá uma vaga na
série C do Brasileirão do ano que vem, o jogador Magno foi homenageado pela
diretoria do Belo como um dos patrimônios imateriais do clube em todos os
tempos pelo que acrescentou à história da agremiação com seu belo futebol e
caráter de atleta exemplar e dedicado.
Após a cerimônia em que o jogador
recebeu um certificado atestando a sua importância inestimável para o futebol
paraibano, me encontrei com ele próximo aos vestiários do Botafogo, no
Almeidão, e começamos a conversar sobre o atual time do Belo e a sua real
chance de ascender à série C do Campeonato Brasileiro este ano. Ele me falou da
sua confiança nisso, explicou racionalmente os motivos e, como não poderia
deixar de ser, voltamos ao tempo em que ele comandava o meio de campo de um dos
maiores elencos que o Botafogo já reuniu: aquele que venceu o Flamengo do Rio
de Janeiro, em pleno Maracanã, no ano de 1980, manchando a história do título
brasileiro do rubro-negro carioca com essa única derrota para os paraibanos.
Uma passada em revista nos dois
elencos explica por si mesmo, a importância de tal façanha do time
Botafoguense. O FLAMENGO, comandado
pelo técnico Cláudio Coutinho, tinha: Raul; Toninho, Manguito, Marinho e Júnior; Andrade, Paulo César Carpegiani
(Adílio) e Zico; Tita, Nunes e Júlio César. O BOTAFOGO,
por seu lado, apresentava os seguintes nomes: Hélio Show, Notano Ayres,
Gerailto, Deca e Marquinhos; Nicácio, Zé Eduardo e Magno; Getúlio, Evilásio e Soares.
Pois bem! O Botafogo, sem
estrelas venceu esse poderoso Flamengo no Maracanã, por 2 a 1. E por que sem
estrela? - há de perguntar o leitor. Porque, me explicou pessoalmente Magno:
"O nosso ropeiro esqueceu de colocar o uniforme do time na bagagem e, sem
roupa pra enfrentar o Flamengo, tivemos que comprar, no Rio mesmo, numa loja,
camisas do Botafogo do Rio para entrarmos em campo. Daí, arracamos todas as
estrelas das camisas do Botafogo do Rio e fomos pro jogo com nosso uniforme sem
as tradicionais estrelas vermelhas. Podem conferir na foto, que nossa camisa
não tem estrelas", concluiu.
Não preciso dizer que após
esse papo com o grande Magno, fui conferir a foto da época e realmente estava
lá, o nosso Botafogo ironicamente sem estrelas.
Contudo, estrela mesmo quem
tem - e de sobra - é o atual comandante de ataque do Belo, o nosso Warley. Sem
balançar as redes desde o dia 25 de maio deste ano, quando marcou o
segundo gol do Botafogo na goleada por 4 a 0 contra o CSP, pelo segundo jogo
das semifinais do Campeonato Paraibano, o nosso goleador teve que amargar o
banco de reservas da equipe para ver seu substituto, Fausto, brilhar marcando
vários gols. Todavia, além de estrela, Warley tem mesmo é mãe, uma mãezona
daquelas, por sinal. Sim, porque momentos antes desta partida do Belo contra o
Tiradentes, a mãe do jogador preconizou que ele ia entrar no jogo e fazer os
gols da vitória do Botafogo. Não deu outra: Fausto se machucou, Warley entrou
quando o time estava perdendo por 1 a 0 e fez os dois gols da virada do Belo. E
não preciso dizer mais nada!
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