O futebol como um fenômeno da cultura brasileira

As coisas só acontecem por acaso, necessidade ou vontade nossa! Epicuro - filósofo.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Campeonato Paraibano 2011 - 2ª Fase - Julgamento_TJD-PB

Derrota no Tribunal
POR FORÇAR ENCERRAMENTO DA PARTIDA, TREZE PERDE POR 4 a 1 JOGO QUE VENCIA POR 4 a 0
 E TERÁ AGORA QUE DECIDIR OUTRA VEZ O CAMPEONATO ESTADUAL
Decisão do TJD-PB sinaliza para fim do jogo sujo
Foto: EdônioAlves
Em suma, foi o que está descrito acima o que os juízes da Segunda Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba decidiram no julgamento de ontem (31), feito à denúncia do Procurador de Justiça Desportiva do Estado, Tiago Sobral, contra a equipe do Treze Futebol Clube que desrespeitou o artigo 205 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva ao forçar, por simulação de contusão de seus atletas, o fim da partida em que teria que vencer o Botafogo por uma diferença de quatro gols – já que perdera o primeiro jogo também por 4 a 0 - ainda na segunda fase do campeonato paraibano desse ano.
Como esse segundo jogo, realizado no Amigão, em Campina Grande, teve que ser interrompido pelo árbitro faltando ainda dez minutos para o seu término regulamentar – por causa de uma confusão generalizada envolvendo atletas e dirigentes dos dois clubes após o atacante Vavá, do Treze, ao marcar o quarto gol, ter insultado com gestos de violência o banco de reservas e a torcida do Botafogo -, a retomada da partida com seis jogadores expulsos (três de cada lado) teria que incluir os dez minutos restantes antes da confusão.
Retomada a partida, o Treze, que estava então com apenas oito atletas em campo e sem o goleiro titular, Carlos, substituído pelo atacante Warley por causa da sua expulsão (a equipe já havia feito as três substituições regulamentares), e na iminência de poder tomar o gol que lhe tirava a condição de vencer a segunda fase do campeonato – o Treze havia vencido também o primeiro turno – fez com que dois dos seus jogadores caíssem em campo, simulando contusão e obrigando o árbitro a encerrar a partida por insuficiência numérica de atletas em campo, uma vez que lhe restavam, agora, apenas seis jogadores na partida. O encerramento do jogo foi feito pelo árbitro do jogo, Jefferson Rafael, aos 41 minutos do segundo tempo, faltando, portanto, os quatro minutos regulamentares mais os acréscimos decorrentes do atraso ocasionado pela confusão que interrompera a disputa.
Por se sentir prejudicado, uma vez que poderia, no tempo que ainda restava ser jogado, marcar ao menos o gol que lhe classificaria para seguir na decisão da segunda fase do campeonato estadual, o Botafogo acionou a Justiça Desportiva e acusou o Treze de impedir ilegalmente que a partida tivesse sua continuidade regulamentar. Acatado o pedido do Botafogo pela Procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paraibana de Futebol, foi o mérito dessa questão que foi julgado na seção de ontem do TJD do Estado.

O JULGAMENTO
Composta pelos auditores, Acrísio Alves, José Martins, Isaias Olegário, Paulo Freire e Valberto Alves Azevedo, a Segunda Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba iniciou o julgamento às 18h30 de ontem com a audição das testemunhas arroladas no processo.
O sentimento de esperança da torcida botafoguense em voltar a disputar a segunda fase do campeonato estadual, contudo, teve que suportar as longas cinco horas que durou o debate jurídico entre as partes envolvidas. Ao final, a alegria dos torcedores do Belo que foram à sede da FPF, contrastou com a ansiedade vivida durante o pronunciamento do voto de cada um dos auditores. A sensação de angústia se tornou ainda mais visível com o voto do relator do processo, o auditor Paulo Freire, que discordou da procuradoria e decidiu pela não punição do Treze.
As esperanças do Galo da Borborema, no entanto, pararam por aí. Mais precisamente nos votos dos auditores, José Martins, Valberto Alves, Isaias Olegário e do presidente do colegiado, Acrísio Alves de Almeida. A postura da procuradoria, representada pelo advogado Tiago Sobral Pereira Filho, pode ser considerada como de grande importância no triunfo botafoguense. Cobrando uma atitude moralista dos seus colegas, ele chegou a dizer que aquela sessão do Tribunal poderia entrar para a história como a responsável por mudar os rumos do futebol paraibano. Outro fator de peso foi a invalidação dos atestados médicos apresentados pelo Treze como prova processual, uma vez que nos documentos não constavam a data, o prazo do tratamento das doenças dos jogadores e a Classificação Internacional de Doenças (CID), requisitos obrigatórios nesses casos (apenas o relator julgou válido o documento).
Além da decisão do mérito da questão do caso, foram decididas também as punições dos outros denunciados no processo. O árbitro da partida, Jefferson Rafael, apesar de bastante contestado, foi absolvido por unanimidade. Pelo lado do Botafogo, os goleiros Genivaldo e Davi, e o zagueiro Henrique, pegaram seis jogos de suspensão.
Já o dirigente, Breno Morais, e o preparador de goleiros, Luciano Mancha, terão que cumprir duas partidas fora de suas funções. Quanto à equipe do Treze, enquanto o atacante Vavá (eleito como o pivô da confusão) recebeu pena de oito jogos de suspensão, Carlos e Cléo cumprirão cinco partidas fora das quatro linhas. O treinador do Botafogo, Maurício Cabedelo, acusado de agredir o árbitro do jogo, recebeu a maior punição: terá de cumprir 180 dias de suspensão. Os atletas Doda e Ferreira, do Treze, foram absolvidos

OS RECURSOS
Depois que foram notificados da decisão que tirou os pontos do Treze Futebol Clube e reverteu-lhes em favor do Botafogo, além de obrigar o time de Campina Grande a pagar uma multa de vinte mil reais pelo descumprimento ao artigo 205 do CBJD, os advogados do Treze protocolaram um recurso de efeito suspensivo da decisão de ontem, o que na prática significa fazer o processo subir para ser julgado em segunda instância pelo Tribunal Pleno do TJD-PB. Enquanto isso, a Federação Paraibana de Futebol terá que marcar as datas das duas partidas que ainda devem ser realizadas entre Botafogo e Campinense cujos resultados apontarão quem será o vencedor da segunda fase do paraibano e, portanto, quem dos dois ganhará o direito de decidir com o próprio Treze o título de campeão paraibano de 2011. Como a data para inscrição do representante da Paraíba na série D do campeonato brasileiro (o campeão estadual), estipulada pela CBF, vence nessa sexta-feira (03), o estado corre o risco de ficar fora da competição esse ano.



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