O futebol como um fenômeno da cultura brasileira

As coisas só acontecem por acaso, necessidade ou vontade nossa! Epicuro - filósofo.

domingo, 30 de junho de 2013

Copa das Confederações_BRASIL_ANÁLISE



Futebol, política, emoção e glória!
 
por Edônio Alves
 
Começando pela primeira palavra de sugestão do título acima, iniciemos falando de futebol. Tenho acompanhado a Copa das Confederações e seu entorno de eventos políticos e gostaria, por isso mesmo, de falar separadamente de cada item aludido no cabeçalho deste texto. A primeira coisa a se dizer - ou a se reconhecer - no que diz respeito diretamente ao futebol do torneio, é que restaram as quatro melhores seleções para as semifinais da disputa, tendo o Brasil já se classificando merecidamente para a disputa do título.
Excetuando-se, além da Espanha, Uruguai, Itália e Brasil, as semifinalistas, apenas o Tahiti, por incrível que pareça, veio ao Brasil fazer história, nessa conturbada Copa das Confederações. As seleções dos outros países que ficaram pelo caminho entenderam bem a condição de evento-teste da Fifa deste torneio e assim levaram as disputas futebolísticas, dentro de um programa de treinamentos para as eliminatórias da Copa de 2014, que enfrentam no momento, e, por extensão, para o próprio mundial do ano que vem.
Não se pode falar do item intrínseco do futebol nessa Copa das Confederações sem mencionarmos o grande papel desempenhado pela seleção do Tahiti. Este foi de longe o País que melhor entendeu o certame. Percebeu sua dimensão histórica, política, turística, desportiva, diplomática, avaliativa, e futebolística mesmo, uma vez que tratou junto a clubes brasileiros de preparar programas de intercâmbio que envolvesse alguns dos seus jogadores amadores com promessas de se tornarem profissionais num futuro próximo. E, convenhamos, foi o time que mais expressou em campo o espírito desportivo do jogo de futebol. Sabia que ia perder todas as partidas que ia jogar, mas nem por isso desvalorizou suas partidas. Jogou como sabe e pode, com ética e respeito aos adversários, sem contabilizar números, placares ou ironias. Foi, a meu ver, o grande futebol (no sentido maior mesmo) desse torneio.
Quanto ao Brasil, a surpreendente constatação de que o técnico Luis Felipe Scolari finalmente começa a desenhar um time para as disputas da Copa do Mundo do ano que vem. Falta apenas a invenção ponderada de um esquema tático que possa ser o antídoto para o jogo exitoso já definido e aprovado na prática do futebol espanhol. Será esse, sem dúvida, o nosso grande adversário a ser batido no Mundial do Brasil e para que isso aconteça - talvez já nessa final da Copa das Confederações como um teste - será necessário algo mais do que montar um time. Será preciso nos reinventarmos com uma nova maneira de jogar em campo. Algo que junte a força física, a habilidade técnica, o controle emocional e a definição de uma tática racional que tenha um plano de jogo por trás. Algo como o nosso costumeiro futebol arte comandado por uma razão sensível. Nada tão simples, convenhamos.
Bom. Mas, pulemos para a política. Um das coisas mais importantes que vi nas manifestações dos torcedores nos estádios foi a defesa consciente de que o futebol em si - enquanto jogo e enquanto esporte - nada tem a ver com as razões que colocaram o povo brasileiro nas ruas. É a forma de administrar o País - com inversão de prioridades e desperdício do dinheiro público e consequente corrupção - que fez o brasileiro ir para as ruas e para os estádios colocar no devido lugar a presença do futebol nas nossas vidas.
Pela belíssima manifestação da torcida brasileira presente ao estádio Mineirão, em Belo Horizonte, apoiando incondicionalmente a Seleção Brasileira contra o Uruguai, deu para perceber a sabedoria do povo em separar o futebol que ama do aproveitamento político dele pelas elites econômicas que o exploram. Foi bonito o recado do povo brasileiro.
Quanto à emoção e à glória, devo dizer que toda vez que jogam Brasil e Uruguai se atualiza o grande revés histórico sofrido por nós na final da Copa do Mundo de 1950, quando perdemos para eles, em pleno Maracanã, uma Copa organizada e devida ao povo brasileiro pela qualidade do nosso futebol. Encenam-se e ritualizam, então, uma vingança histórica que nunca termina, nem mesmo com o apito do juiz em mais um jogo em que batemos nosso rival com supremacia e afirmação. Foi isso que vimos na semifinal da Copa das Confederações da quarta-feira passada, quando o Brasil passou para final deixando o Uruguai para trás e no seu devido lugar. Tudo com emoção de mais e glória demais para o nosso futebol.
 
 

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