O futebol como um fenômeno da cultura brasileira

As coisas só acontecem por acaso, necessidade ou vontade nossa! Epicuro - filósofo.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

ESPAÇO ACADÊMICO_JORNALISMO ESPORTIVO


Desde o dia onze de julho de 2011 (ver textos), este espaço no blog está franqueado aos meus alunos da disciplina de Jornalismo Esportivo, que leciono no curso de Comunicação Social da Universidade Federal da Paraíba. Aqui, o internauta vai poder conferir a produção dos melhores alunos do curso, através de matérias produzidas como exercício da citada disciplina. As duas matérias que seguem, abaixo, foram as duas melhores produzidas no semestre 2012.1, como trabalho prático da cobertura de uma partida de futebol, válida pelo campeonato brasileiro deste ano de 2012. Era a 34ª rodada do brasileirão e o Fluminense, do Rio de Janeiro, que enfrentava o São Paulo, estava a um jogo, apenas, de se tornar tetracampeão brasileiro de futebol, algo que conseguiu ao vencer o Palmeiras, de São Paulo, na rodada seguinte da competição. Confiram os textos.

***


FREDNENSE X SÃO FABIANO
(Quando DEUS quer até o diabo ajuda!)

Por  Larissa Madruga



O apito inicial do árbitro paranaense Héber Roberto Lopes às 17h, no Estádio do Morumbi, em São Paulo, prometia um grande espetáculo do futebol brasileiro, daqueles para gringo nenhum botar defeito. Enfrentavam-se pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro o líder Fluminense e o colecionador de títulos na fase de pontos corridos, São Paulo.
O embate entre a equipe do técnico Abel Braga, que tem um dos melhores rendimentos como visitante (70%), e o time com o segundo melhor aproveitamento dentro de casa (83,3%) de Ney Franco, foi um dos mais aguardados da competição.
Nele seria definido não o campeão,- ainda não poderia -, mas seria decidido o melhor rendimento do returno, e estariam decretados os vencedores dos duelos de que tanto se falou na mídia e que alimentou os comentários nas ruas por aí afora. O primeiro, entre os dois grandes atacantes, Fred e Luis Fabiano, artilheiro e pretenso artilheiro, respectivamente. E o segundo entre Rogério Ceni, patrimônio histórico do São Paulo, famoso por ser o “goleiro goleador”, e Diego Cavalieri, que por sua campanha irretocável no campeonato, está prestes a entrar para a galeria dos grandes goleiros do Fluminense.
Além do duelo dos dois tricolores, uma briga particular pela artilharia do Brasileirão
 
Os tricolores, carioca e paulista, já jogaram 80 vezes pelo Brasileirão. neste histórico de grandes confrontos o São Paulo tem levado a melhor sobre o rival das Larajeiras, com 37 vitórias, contra 26 do Fluminense e 17 empates. Na última partida, em 09 de agosto deste ano, no primeiro turno do Campeonato, o Flu venceu por dois a um, com gol decisivo de Fred.
Como dizem por aí: “o futebol é uma caixinha de surpresas” e “nada é o que parece ser”. A definição da partida ficou por conta de outro confronto, inesperado e decisivo para o resultado, mas deixemos isso para mais adiante.
As 54.118 pessoas presentes no estádio, diga-se de passagem, maior público da competição, puderam presenciar uma partida equilibrada entre dois grandes clubes que se respeitaram o tempo todo dentro de campo, fazendo jus às boas colocações que alcançaram. O Fluminense com seus 72 pontos não se curvou diante da potência São Paulina, somando 58 pontos, que jogou no seu reduto, contando com o apoio de seus torcedores; também o São Paulo não se intimidou perante o líder.
Assim, o esquema tático que se desenhou no gramado revelou a semelhança entre as duas equipes, que usaram o sistema de quatro jogadores na defesa (dois zagueiros e dois laterais), dois volantes também para auxiliar na defesa, três meios de campo e mais adiantado, um atacante. Isso fez com que o jogo ficasse truncado, tenso, com muita correria e muitas faltas por causa da forte marcação, além da falta de criatividade no ataque, mas bastante equilibrado, com praticamente as mesmas e poucas chances de gols dos dois lados, traduzindo o resultado de 0 a 0 do primeiro tempo.
Com o início do segundo tempo, se renovavam as esperanças depositadas nos donos da camisa 9, Fred e Luis Fabiano, pois todos aguardavam ansiosos pela definição que viria dos pés (ou da cabeça) de um deles. E realmente veio! Nesse caso, os santos de casa fizeram milagre, mas graças a uma forcinha do diabo, que atentou os bons zagueiros dos dois times para que eles cometessem erros grotescos, que acabaram nos gols dos adversários.
No embate renhido pela artilharia do Brasileirão, Fred marca o seu pelo FLU
O guerreiro das Laranjeiras, Gum, que participou de 33 dos 34 jogos disputados pelo Fluminense, aos 4 minutos do segundo tempo em uma falha inacreditável, recuou a bola para Diego Cavalieri dando a oportunidade perfeita para “O Fabuloso” empatar na artilharia do Campeonato Brasileiro junto a Fred com 16 gols.
Mas logo em seguida houve o desempate, ou melhor, o empate, pois aos 22 minutos, Rafael Toloi, ao tentar proteger a bola na linha de fundo foi desarmado pelo jovem Samuel, que deixou Fred apenas com o trabalho de tocar para o gol, voltando a ser artilheiro isolado do campeonato e deixando tudo igual na disputa.
Sem a participação fundamental dos dois zagueiros, a partida certamente não teria o desfecho que teve. Desse modo, os coadjuvantes Gum e Rafael Toloi tomaram parte de seus papéis no cenário de incerteza e imprevisão que é o futebol, e passaram então a ser protagonistas do que seria uma grande tragédia grega não fossem as coincidências do destino, pois como diria o filósofo grego Epicuro: “As coisas só acontecem por acaso, necessidade ou vontade nossa”. Quis o acaso que os dois camisas três dessem de bandeja os gols para os dois camisas nove das equipes adversárias e assim mudassem a matemática do jogo, em que ficou determinado que 1 (gol) mais 1 (gol) é igual a 1 (ponto no campeonato).

Luis Fabiano também não deixa por menos e imprime a sua marca

Duelo, segundo o dicionário, significa combate premeditado entre dois adversários, e com armas iguais; esta foi realmente a mais fiel tradução do que foi a partida entre os tricolores, que no final das contas terminou sem muito prejuízo para ambos. Com mais esse ponto, o Fluminense permanece na sua cômoda liderança em busca do título, que é quase certo, e o São Paulo fica bem próximo de sua vaga na Libertadores do ano que vem.
FICHA TÉCNICA
Data e hora: 4/11/2012, às 17h (de Brasília) Local: Morumbi, em São Paulo (SP)
Árbitro: Héber Roberto Lopes (Fifa/PR)
Assistentes: Roberto Braatz (Fifa/PR) e Guilherme Dias Camilo (Asp.Fifa/MG)
Público e Renda: R$ 1.524.484,00 / 54.118 pagantes
Cartões amarelos: Wellington, Luis Fabiano (SPO); Gum (FLU)
Cartões vermelhos: Não houve
Gols: Luis Fabiano, aos 4'/2ºT (1-0); Fred, aos 22'/2ºT (1-1)
SÃO PAULO: Rogério Ceni; Douglas, Rafael Toloi, Rholdofo e Cortez; Denilson, Wellington, Lucas, Jadson (William José, 44'/2ºT) e Osvaldo (Ademilson, 35'/2ºT); Luis Fabiano.
Técnico: Ney Franco.
FLUMINENSE: Diego Cavalieri; Bruno, Gum, Leandro Euzébio e Carlinhos; Edinho, Jean e Thiago Neves (Higor, 39'/2ºT); Wellington Nem (Diguinho, 36'/2ºT), Rafael Sobis (Samuel, 5'/2ºT) e Fred.
Técnico: Abel Braga.
***
 
O FUTEBOL, O PARAIBANO E A TELEVISÃO
 

Por Mariah Araújo

            Todo paraibano que acompanha a série A do brasileirão sabe. Existem três coisas que não podem faltar numa partida de futebol: a bola, o gol e é claro, a televisão.
Ela pode ser pequenininha como a de Sebastião, o porteiro. Ou de muitas polegadas e imagem digital tal qual a do bar que Nelson, o garçom, trabalha. O que importa mesmo é que ela esteja lá. No jogo entre Fluminense e São Paulo - confronto entre as duas melhores equipes do segundo turno do campeonato brasileiro deste ano - não podia ser diferente. Se tem uma coisa que o paraibano temeu na última semana foi o apagão. É que ele não podia atrapalhar a transmissão e a felicidade da torcida que acompanha de longe - e vibra como se fosse de perto - o seu time de fora da Paraíba. E me perdoem os puristas, a frase mais amada pelos torcedores foi: televisionado, e em canal aberto.
Na verdade, um jogo como esse não poderia deixar de estar antes do Faustão, ou bem falado no meio do Fantástico. É que a TV, para o amante do futebol, tem uma amiga inseparável: a bola. E quem a televisão tem, vê sempre aquilo que o juiz não viu, ou o que o técnico não observou na zaga adversária. E uuuuuh, todos os muitos olhos da caixinha estão voltados pra ela, a bola.
Na disputa entre tricolores - paulistas e cariocas - deu empate, mas o time do Rio pode ser campeão já na próxima rodada
Nesse domingo, 4 de novembro de 2012, a televisão não ia se fazer de rogada. É que às quatro horas da tarde ela já era o centro das atenções de seu José no bar do Tricolor. Ele acompanhou a escalação de cada time, ouviu atentamente cada detalhe e se benzeu quando a bola começou a rolar entre os tricolores cariocas e paulistas.
Numa partida equilibrada, São Paulo e Fluminense ficaram no 1 a 1 no Morumbi, pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro, resultado que mantém o Tricolor Carioca numa confortável liderança do campeonato, e o São Paulo feliz com a sua proximidade da vaga na Libertadores-2013.
Bastou o jogo começar e todo mundo se voltou para a tela colorida de verde. A TV estava a frente de cada torcedor confiante do Fluminense e do são-paulino atento. Esse jogo, como bem disse o comentarista – figura importante (amada e odiada) numa partida acompanhada pela TV- teve além de tudo falhas, que renderam os gols de Fabiano e Fred (que fazem um duelo particular pela artilharia). É que o centroavante do Tricolor paulista abriu o placar desequilibrado em um lance com erro de Gum, enquanto o do Tricolor carioca igualou para 1 a 1 em uma jogada com falha de Rafael Toloi.
Primeiro tempo
Depois de ver seu José se benzer três vezes, foi hora de olhar para seu colega, duas mesas depois. Era seu Ítalo, sem a camisa do time do coração, ele resolveu ver o jogo ali, perto de casa no Bar do Tricolor. Não lhe faltou a camisa, é que achou mais prudente – já que preferiu ver uma TV fora da sua sala de estar e em território inimigo -  esquecer o uniforme de torcedor. Mesmo assim, acompanhando a distância, ele fez questão de ajudar com suas vibrações a torcida do São Paulo, que criou um clima de decisão para a partida contra o líder do brasileirão. Seu Ítalo apontou a mão diversas vezes para a TV. Se sentia o tempo todo no Morumbi, e comentava baixinho que dentro de campo, o clima estava tão amistoso quanto naquele bar vazio.
Parece que a vibração de seu Ítalo e dos torcedores no Morumbi não empurraram o São Paulo, que se manteve pressionando o Fluminense com prudência no comecinho da partida. Lucas se movimentava muito pelo meio do gramado, assim como Osvaldo bastante na ponta esquerda. Mesmo assim, Luis Fabiano não chegava a receber muitas oportunidades de gol. Em uma boa, aos 13 minutos, ele (seu José gritou impedido pra telinha!) chutou em cima do goleiro Diego Cavalieri.
O Fluminense não demorou muito para encontrar o caminho do gol defendido por Rogério Ceni. Cruzamentos tortos e sem direção dificultavam as ações de Rafael Sóbis, Fred e Wellington Nem dentro da área do São Paulo.
Os dois times figuraram no ataque só no final do primeiro tempo. Ítalo e José não paravam de dar indicações para os jogadores, baseados única e exclusivamente no que viam naquele quadradinho e em suas experiências futebolísticas.
Luis Fabiano e Leandro Euzébio - equilíbrio entre zagueiros e atacantes: uma falha para cada lado; um gol para cada time
Segundo tempo
Aos quatro minutos do segundo tempo, Luiz Fabiano ganhou um presente de Gum, que recuou errado a bola para Diego Cavalieri. O centroavante do São Paulo foi rápido, driblou o goleiro, cambaleou, mas empurrou para o gol e lembrou a torcida que estavam todos em casa, e lembrou a seu Ítalo que ele não estava vendo televisão no sofá de casa.
O Flu conseguiu rapidamente superar o momento tenso da partida. O técnico Abel Braga colocou Samuel em campo no lugar de Rafael Sóbis. Seu José gostou. Enquanto a torcida do São Paulo cantava e Ítalo se animava, a equipe visitante acuava o adversário principalmente através da velocidade de Wellington Nem e da criatividade de Thiago Neves.
Fred quase empatou a partida aos 20 com um chute dentro da área. Rogério Ceni – como um gato espalmou para fora. Pouquinho depois, não teve jeito. Rafael Toloi titubeou e segundo seu Ítalo foi empatar com o erro de Gum no gol de Luis Fabiano. A bola foi para Samuel, que passou para o Fred definir.
Ney Franco mandou a sua equipe ao ataque com Ademilson no lugar de Osvaldo, e Abel Braga tentou mudar o panorama da partida com Diguinho na vaga de Wellington Nem, que segundo seu José gritou pro televisor, estava muito bem obrigado. Os jogadores mudaram, mas o placar ficou o mesmo. 1 a 1 em todas os aparelhos televisores HD, de tubo, velhos e novos. Todo mundo feliz. Seu José, Seu ítalo, Seu Carlos, o dono.
Final de jogo
O Fluminense continua líder do campeonato, com 73 pontos. Ele enfrenta o desesperado Palmeiras no próximo domingo, em Bragança Paulista. A campanha será encerrada diante de Cruzeiro, Sport e Vasco. A igualdade manteve o São Paulo na zona de classificação da Copa Libertadores da América.
O tricolor paulista, na quarta colocação, com 59 pontos ganhos, (agora seguido mais de perto pelo Botafogo) vai pra Porto Alegre também no próximo domingo enfrentar o Grêmio, que está uma posição acima, com 63.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Nenhum comentário: