BRASIL DE DUNGA VENCE A COLÔMBIA
EM NOVA FASE
A nova fase de Dunga
como técnico da seleção brasileira só tem um jogo, mas o técnico já conseguiu
ver algo que se tornou frequente na história recente da equipe nacional: se
estiver difícil, Neymar resolve. Com um gol do camisa 10 em cobrança de falta, o
time pentacampeão mundial bateu a Colômbia por 1 a 0 nesta sexta-feira (05), em
Miami, no primeiro amistoso depois da Copa do Mundo de 2014.
Neymar marcou aos 38min
do segundo tempo, quando a Colômbia estava com um homem a menos e fazia
marcação eficiente sobre o Brasil. O time de Dunga tinha mais posse de bola,
mas não conseguia ameaçar com frequência o gol defendido por Ospina.
Foi
o nono gol de falta de Neymar na carreira. O camisa 10 tem 36 bolas nas redes
em 54 jogos pela seleção brasileira. Aliás, também foi dele o primeiro gol da
equipe nacional depois da Copa de 2010 (vitória por 2 a 0 sobre os Estados
Unidos).
Fases do jogo: Começou com marcação adiantada e pressão sobre a saída de bola
a nova Era Dunga na seleção brasileira. O time comandado por ele tentou acuar a
Colômbia desde o início do amistoso disputado nesta sexta-feira, em Miami.
Aliada a uma
movimentação intensa dos jogadores de ataque, essa característica concentrou o
jogo no campo de ataque da seleção brasileira no início do duelo. No entanto, o
excesso de faltas e a ausência de criatividade da equipe canarinho impediram
que houvesse chances claras de gol nos primeiros minutos.
A forte marcação dos
colombianos irritou os brasileiros. Aos 21min, depois de o árbitro canadense
David Gantar ter deixado de anotar uma infração sobre Neymar, a Colômbia teve
um contragolpe pela esquerda. Quando a bola parou, os jogadores da seleção
pentacampeã mundial reclamaram de forma efusiva.
Na segunda metade do
primeiro tempo, a arbitragem ganhou destaque por dois motivos. Primeiramente
aos 24min, quando Filipe Luís recebeu passe na esquerda em condição legal e
bateu para o gol. Ospina desviou, e Diego Tardelli completou para as redes, mas
o árbitro invalidou o lance alegando impedimento no início da jogada.
Depois, a arbitragem
apareceu pelo excesso de cartões. Foram seis amarelos no primeiro tempo (quatro
para a Colômbia e dois para o Brasil).
A distribuição de
cartões continuou no segundo tempo. Neymar já havia perdido boa oportunidade
aos 3min, mas o primeiro lance fundamental para a etapa final aconteceu no
minuto seguinte, quando o camisa 10 foi empurrado por Cuadrado. O colombiano
foi expulso.
Com um a menos, a
Colômbia distribuiu seus jogadores em duas linhas de quatro e deu a bola para o
Brasil. Mas a seleção de Dunga mostrou falta de criatividade mais uma vez, e as
melhores chances (incluindo o gol) aconteceram em bolas paradas.
Chave do jogo: Neymar. Foi graças ao
talento dele, numa cobrança de falta inspirada, que o jogo mudou. O Brasil
criava pouco e não conseguia ameaçar com frequência o gol da Colômbia, mas o
camisa 10 resolveu em cobrança de falta.
O melhor: Neymar. Tem sido até redundante falar do camisa 10 na história
recente da seleção brasileira, mas foi ele novamente o destaque ofensivo da
equipe nacional. Chamou faltas, tentou lances individuais e ainda anotou o gol
que definiu o amistoso.
O pior: Cuadrado. O jogador colombiano havia feito grande Copa do
Mundo, mas não repetiu o desempenho nesta sexta-feira. Além disso, foi expulso
no segundo tempo e deixou a equipe dele com um homem a menos.
Toque dos técnicos: Antes do início do amistoso, Dunga ressaltou pelo menos duas
vezes a diferença de tempo de trabalho entre Brasil e Colômbia. Contudo, o jogo
não mostrou duas seleções em níveis tão distintos.
Dunga apostou num ataque
com muita mobilidade, sobretudo no lado esquerdo. O problema é que faltou
profundidade na seleção montada por ele no primeiro tempo, quando Neymar atuou
muito longe do gol.
Jose
Pekerman começou com a Colômbia num 4-2-3-1, mas mudou para um 4-4-1 em duas
linhas de quatro depois que Cuadrado foi expulso. Se a estratégia da seleção
dele já era baseada em contragolpes no primeiro tempo, isso ficou ainda mais
claro na etapa final. Aí, contudo, faltou aos colombianos a velocidade que o
Brasil mostrou.
Para lembrar:
Na faixa. Protagonistas de um dos
lances mais marcantes da Copa de 2014, Neymar e Zuñiga se encontraram antes
mesmo de a bola rolar. Os dois foram capitães de suas seleções nesta
sexta-feira, se cumprimentaram no centro do campo e chegaram a trocar um
abraço.
Lembrança dolorosa. Nas quartas de final da Copa de 2014, Zuñiga deu uma joelhada nas
costas de Neymar em disputa de bola pelo alto. O Brasil venceu por 2 a 1 e se
classificou para as semifinais, mas o Mundial acabou ali para o camisa 10, que
sofreu fratura em uma vértebra. Thiago Silva, que era capitão do Brasil, chegou
a dizer que a entrada de Zuñiga foi "covarde".
No hino. Os jogadores brasileiros mudaram o gesto durante a execução do
hino nacional. Em vez do abraço que caracterizou a postura da seleção durante a
Copa, os atletas comandados por Dunga colocaram a mão sobre o lado esquerdo do
peito.
Estilo. No primeiro jogo de sua passagem anterior pelo comando da
seleção, Dunga usou uma camisa azul listrada e deu a primeira amostra de um
visual ousado, algo que marcou o ciclo – as roupas do técnico eram escolhidas
pela filha dele, Gabriela, que é estilista. Nesta sexta-feira não houve nada
disso: o técnico usou camisa branca, paletó preto e gravata azul marinho.
Oito anos depois. Gomes; Cicinho (Maicon), Lúcio, Juan (Alex) e Gilberto; Gilberto
Silva, Edmílson (Dudu Cearense), Elano (Júlio Baptista) e Daniel Carvalho
(Vagner Love); Robinho e Fred. A primeira passagem de Dunga pelo comando da
seleção brasileira começou com esse time no dia 16 de agosto de 2006, num
empate por 1 a 1 com a Noruega. Daniel Carvalho fez o gol, e Maicon e Robinho são
os únicos jogadores que atuaram nas duas estreias do técnico.
Local. Depois do amistoso, a seleção brasileira seguirá nos Estados
Unidos. O próximo compromisso do time de Dunga está agendado para 11 de
setembro, em Nova Jersey, contra o Equador.
De placa. Foi difícil ver quais modificações foram feitas no intervalo do
jogo. Afinal, a placa utilizada pelo quarto árbitro para anunciar as
substituições de Brasil e Colômbia não funcionou.
Só deu Colômbia! Os colombianos dominaram
a festa pré-jogo, o ambiente no estádio, a festa e os gritos nas arquibancadas.
Teve até espaço para "Brasil, Colômbia és su papa", lembrando o grito
argentino nos tempos de Copa.
História. O Brasil tem histórico extremamente favorável contra a Colômbia.
Com o jogo desta sexta-feira, são 17 vitórias, oito empates e duas derrotas em
27 duelos. Para Dunga, porém, o triunfo teve sabor de redenção. Ele jamais
havia vencido o rival sul-americano como técnico do Brasil (dois empates por 0
a 0 nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010).
Recorde. O amistoso entre Brasil e Colômbia teve 73.429 espectadores no
SunLife Stadium, em Miami. Esse é o recorde de público da história da arena.
FICHA TÉCNICA
BRASIL
X COLÔMBIA
Data: 05 de setembro de 2014, sexta-feira
Local: SunLife Stadium, em Miami (EUA)
Público: 73.429 pessoas
Horário: 22h (de Brasília)
Árbitro: Dave Gunter (Canadá)
Assistentes: Daniel Belleau e Philippe Briere
Cartões amarelos: Cuadrado (Colômbia), Ramires (Brasil), Carlos Sánchez
(Colômbia), Luiz Gustavo (Brasil), Zuñiga (Colômbia), Valdés (Colômbia),
Teófilo Gutiérrez (Colômbia)
Cartão vermelho: Cuadrado (Colômbia)
Gols: Neymar, aos 38min do segundo tempo
BRASIL: Jefferson; Maicon, Miranda, David Luiz (Marquinhos) e Filipe
Luís; Luiz Gustavo (Elias), Ramires (Fernandinho), Willian (Éverton Ribeiro) e
Oscar (Philippe Coutinho); Neymar e Diego Tardelli (Robinho).
Técnico: Dunga
COLÔMBIA: Ospina; Zúñiga (Mejía), Zapata, Valdés e Armero; Aldo
Ramírez (Árias) e Carlos Sánchez (Ramos); Cuadrado, James Rodríguez (Falcao
García) e Teófilo Gutiérrez (Bacca); Jackson Martínez (Guarín).
Técnico: José Pekerman