O futebol como um fenômeno da cultura brasileira

As coisas só acontecem por acaso, necessidade ou vontade nossa! Epicuro - filósofo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

COPA DO BRASIL de FUTEBOL FEMININO




AS MENINAS DO BOTAFOGO-PB


Começou ontem (25/09) a Copa do Brasil de futebol feminino deste ano patrocinada pela CBF. O único time representante da Paraíba é o BOTAFOGO de João Pessoa. O título do campeonato dá direito à disputa da Taça Libertadores da América em 2011. A equipe campeã do ano passado foi o Santos de São Paulo, que este ano trouxe a jogadora Marta, para disputar a Libertadores. O vice-campeão foi o Sport Clube Recife que também estreiou ontem justamente contra o Botafogo da Paraíba, no estádio Almeidão, em João Pessoa. Mais experiente (a equipe está junta há três anos e é tricampeã pernanbucana, o time de Recife sapecou uma goleada de 4 a 0 nas paraibanas, que só fizeram dois treinos para este jogo). Mas, o mais importante é que a diretoria do BELO já confirmou a manutenção do time a que vai entregar as estruturas do clube para treinamento e disputas de jogos amistosos e oficiais.

A equipe feminina do BOTAFOGO é comandada pelos seguintes profissionais:

Gleide Costa - Técnica
Giusiane Gomes Coutinho - Auxiliar Técnica
Jéssica Inácio - Fisioterapeuta
Walter Ataíde - Coordenador de Futebol Feminino
Eliane Leal - Psicóloga
Rejane Gomes - Preparadora Física
Josemir - Contato Publicitário.

Imagens do jogo, confira na GALERIA DE FOTOS, à direita!!!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

BOTAFOGO 1 X 0 AUTO ESPORTE



BELO VENCE MAIS UM BOTAUTO
PELA COPA PARAÍBA
Jogando no estádio Almeidão, neste domingo (20/09), o Botafogo derrotou a equipe do Auto Esporte pelo placar de 1 a 0, com gol de Cristiano Alagoano (de Cabeça aos 28 minutos da primeira etapa), após ter recebido um cruzamento perfeito do ala direito, José Wilker, que foi a novidade do dia no time do Belo.
O Auto Esporte iniciou a partida impondo seu ritmo de jogo, com bastante velocidade e tranquilidade em seu toque de bola. O Botafogo, por sua vez, não se encontrava em campo. Estava nervoso, e errava muitos passes. À partir dos 15 minutos, é que o alvinegro começou a se encontrar em campo, acertando mais o seu passe, e se impondo como equipe grande, passando, assim, a pressionar o Auto Esporte.
Aos 28 minutos da etapa inicial, numa boa jogada do meio campo com o ala José Wilker saiu o gol do Botafogo. Wilker lançou com precisão para Cristiano Alagoano que, numa bela cabeçada, colocou para o fundo do barbante. Após o gol do alvinegro, as duas equipes caíram de produção, parecia até que não queriam mais nada no jogo.
Aos 42 minutos, o meia Kel, do Botafogo, que até então vinha muito bem na partida, se deu ao luxo de perder um gol dentro da pequena área; só ele o goleiro e a trave.
No segundo tempo só deu Auto Esporte. A equipe de mangabeira pressionou muito o Botafogo, que não encontrava-se em campo. Não fosse o zagueiro Rogério, e o lateral Zé Wilker, que tiraram duas bolas em cima da linha do gol, o Auto Esporte poderia ter saído com a vitória no clássico.
FICHA TÉCNICA:
BOTAFOGO: Rerisson, José Wilker, Odair, Rogério, Kika, Ivan, Jean (Sapé), Jougle, Kel (Juninho), Cristiano Alagoano e Vinícius (Romário).
AUTO ESPORTE: Amauri, Rafael Recife, Galdino, Luiz Paulo, Cledson (Raí), Dé, Mailton (Cléber), Rockelan, Jr. Kiboa, Gil Paraíba e Felipe (Formiga).
Gol: Cristiano Alagoano aos 28 do primeiro tempo.
O BOTAFOGO agora é o líder da Copa Paraíba, somando 6 pontos ganhos, e saldo positivo de 4 gols. No próximo domingo (27/09), o BELO recebe o TREZE, no Almeidão, tentando o 9º ponto na competição.
Mais informações sobre o CLÁSSICO, clique aqui.



sábado, 19 de setembro de 2009

CLÁSSICO PARAIBANO - Clique na imagem para ampliar


FUTEBOL da PARAÍBA

Mais um Botauto no Almeidão, neste domingo, 20 de setembro!

Se o Fla-Flu nasceu 40 minutos antes do nada, como assegura Nelson Rodrigues, o Botauto eclodiu como uma faísca do Bigbang!!!

O jogo é pela Copa Paraíba, cujo vencedor terá como prêmio uma vaga na Copa do Brasil do ano que vem.

Inicia, assim, neste domingo, a caminhada do meu glorioso BOTAFOGO rumo a Dubai, após o título de Campeão Brasileiro de 2014.

Clique aqui para saber o PLACAR DO JOGO

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

ESPORTE E CULTURA ATRAVÉS DA MÍDIA

O JORNALISMO ESPORTIVO EM DEBATE

Para quem está no Rio de Janeiro, recomendo este curso aqui do professor e estudioso do futebol pelas lentes da sociologia, Ronaldo Helal. Garanto, porque já o fiz, no primeiro semestre deste ano da UERJ, que de lá sairão discussões refinadíssimas sobre a maneira como a mídia trata a inserção do futebol na sociedade e cultura brasileiras.

BRASIL 3 x 1 ARGENTINA - 05/09/2009


"Eu é que já estava longe, me refugiando na arte. Que coisa lindíssima, que bailado mirífico um jogo de futebol! "
Mário de Andrade, a propósito de um jogo entre Brasil e Argentina em 1939. Para ler mais, clique aqui.


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

BRASIL x ARGENTINA - ou Mário de Andrade e o futebol!

"Mas na verdade, por causa daquele jôgo, estávamos todos odiando os argentinos e a Argentina."

***
"Ora o que é que se via desde aquele início? O que se viu, se me permitirem a imagem, foi assim como uma raspadeira mecânica, perfeitamente azeitada, avançando para o lado de onze beija-flôres".
***
"Era Minerva dando palmadas num Dionísio adolescente e já completamente embriagado. Mas que razões admiráveis Dionísio inventava para justificar sua bebedice, ninguém pode imaginar! Que saltos, que corridas elásticas! Havia umas rasteiras sutis, uns jeitos sambísticos de enganar, tantas esperanças davam aqueles volteios rapidíssimos, uma coisa radiosa, pânica, cheia das mais sublimes promessas! E até o fim, não parou um segundo de prometer... Minerva porém ia chegando com jeito, com uma segurança infalível, baça, vulgar, sem oratória nem lirismo, e juque! Fazia gol".
***
Mentor intelectual do movimento modernista nas nossas letras, Mário de Andrade foi um dos intelectuais que mais se empenhou em criar uma fisionomia brasileira para as nossas intervenções no âmbito da cultura. E cultura entendida aqui não apenas no seu restrito sentido erudito e elitista, mas, sobretudo, no senso popular da palavra; no que ela tem de revelador do que fazemos, do que somos e do que fazemos do que somos.
Assim é que podemos entender as palavras acima, escritas em uma crônica sua, datada de 1939, por ocasião de um jogo entre o Brasil e a Argentina, a que assistira no Rio de Janeiro.
Estão presentes aí, perfeitamente qualificados, todos os ingredientes que iriam definir o tipo de futebol praticado pelos brasileiros desde que importou-se o jogo da Inglaterra, assimilou-se o seu espírito lúdico e competitivo e incorporou-se à sua prática uma maneira de ser nacional em oposição a um outro estrangeiro, aqui representado pelo nosso maior rival: os nossos vizinhos portenhos.
Pois bem! Neste sábado (05.09), se enfrentam mais uma vez - desta feita na disputa de uma vaga para a Copa do Mundo da África do Sul, em 2010 -, os brasileiros e os argentinos. É possível que se reeditem outra vez os elementos contextuais que sempre cercam os encontros futebolísticos entre estas duas nações, tão bem captados pela pena do nosso Mário de Andrade. Vamos aguardar pra ver. E com a certeza - espero que confiramada pelos fatos - de que é sempre muito bom ganhar da Argentina! Afinal, parafraseando o sociólogo do futebol, Ronaldo Helal, nós odiamos amar os argentinos enquanto os argentinos amam nos odiar!
  • Em tempo: o jogo a que Mário de Andrade assistiu e que serviu de motivo para a composição da aludida crônica, foi o de nº 59 da história da Seleção Brasileira de futebol. Disputado no estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, pela Copa Roca, em 15 de janeiro de 1939, o jogo foi responsdável por uma das maiores goleadas sofridas por nosso selecionado frente aos argentinos: 5 a 1 pra eles.
  • Na relva verde, os nossos beija-flores eram: Batatais; Domingos; Machado; Bioró e Brandão; Médio; Luisinho e Romeu; Leônidas; Tim e Hércules. O único gol do Brasil foi marcado por Leônidas.
  • Para ler a crônica de Mário de Andrade, intitulada "Brasil versus Argentina", ver: PEDROSA, Milton. GOL DE LETRA. Rio de Janeiro: Editora Gol, 1967.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A letra e a bola: futebol e literatura no Brasil


Os escritores brasileiros, em sua maioria, têm evitado o futebol. Talvez seja porque o esporte, à semelhança da guerra e do amor, seja tão grandioso que é simplesmente impossível aumentá-lo.
Deonísio da Silva


Aproveito as sugestões inspiradoras das observações acima para iniciar aqui, neste blog, uma conversa que espero sistemática e frutífera sobre a relação do futebol com a literatura no Brasil.

Já se disse outrora (e o autor não foi ninguém menos que Nelson Rodrigues) que o escritor brasileiro, em matéria de futebol como investida temática, não sabe sequer cobrar um escanteio. Tal assertiva, compulsada com essa outra aí de cima, do também escritor Deonísio da Silva, é por si só um convite à reflexão. E a mim, pelo menos, esse convite é impossível de recusar. Não só porque essas palavras possuem um conteúdo inquietante, mas também - e, talvez principalmente -, porque proferidas por autores que não só sabem cobrar escanteios, quando estão dentro da área (para criar uma situação impossível dentro do campo propriamente dito), como conhecem profundamente o jogo da bola quando mediado pela palavra literária.

A pergunta que surge, então, é a seguinte: por que esses e outros não poucos escritores brasileiros insistem em constatar uma tão insuficiente convivência profícua entre a nossa grande arte popular – o futebol – e a nossa outra grande arte mais erudita – a literatura?
Tentemos elencar aqui umas possíveis conjecturas sobre esse tema tão mal resolvido no âmbito das preocupações das nossas letras.

A princípio, diria que a relação do futebol com a literatura é um pouco diferente da sua ligação com as outras artes, por exemplo. Com a música (o samba, em destaque, pela sua centralidade na nossa cultura musical), é mais etnológica, antropológica, digamos assim; e também temática, claro. Com a pintura, correndo os riscos de pisar na bola ou borrar a tela, diria que é figurativa, mimética, uma ligação de um campo que inspira outro, apenas. Com o teatro já é mais complexa, posto que o próprio jogo de futebol é, em grande medida, teatro puro; um peça de representação que a vida real nos encena a cada 90 minutos, e em vários gêneros simultâneos: da epopéia heróica, passando pela farsa picaresca e pela comédia bufônica até chegar a mais lídima tragédia grega, quando não, no mais legítimo drama shakespeareano. (O próprio Nelson Rodrigues também fez questão de frisar que a mais sórdida pelada é de uma complexidade shakespeareana).

Com o cinema já é mais problemática. Chega a ser mesmo um caso de impermeabilidade, irredutibilidade ou irresolução de um campo para com o outro. Já ouvi vários cineastas dizerem que é impossível filmar futebol sem que seja arranhada a autenticidade do jogo. A sua autonomia enquanto universo de linguagem própria. Com a dança, posto que ali, tal como no jogo, o corpo é o objeto significante principal, a relação é mais amigável, colaborativa e inspiradora. Mas.., e com a literatura, como se dá a interação, a troca de sinais e de sentidos; a gama de elementos comuns a esses dois dos mais complexos e desafiadores campos de expressão das coisas humanas?

Diria, também, a princípio, que aqui a relação se dá em dois níveis principais. Um estrutural – a literatura apanharia o futebol enquanto matéria significante, tema desse nosso primeiro artigo aqui no blog -, e outro motivacional: o futebol entraria na literatura como uma extraordinária fonte de preocupações temáticas, com toda a sua gama (ou amálgama) de personagens, tipos humanos, situações, aporias existenciais constitutivas, vicissitudes potenciais que encena, desafios socioculturais que coloca a nossa frente; enfim, o futebol se apresentaria à literatura como uma espécie de espaço de representação em que a sua dimensão ficcional se realiza na prática vivencial enquanto jogo. E que jogo, convenhamos, amigos!

Tomando aqui o primeiro aspecto da questão, conforme prometido, temos que o futebol é em si mesmo um campo de linguagem própria. Assim como a literatura, uma linguagem autônoma e auto-significante. Aquele algo tão grandioso que talvez seja impossível de aumentar, nas palavras de Deonísio da Silva. E acrescente-se a esse fato cultural a peculiaridade de ser o futebol, na sua multiplicidade fenomênica, uma linguagem singular, posto que não verbal e, como a própria ontologia do signo em termos semiológicos, baseada numa unidade de sentido relacional e objetivamente móvel, cambiante, reversível, que é a relação do corpo humano com uma bola, “esse objeto distinto de todos os outros – sem quinas, pontas, dorso ou face, igual a si mesmo em todas as direções de superfícies -, que rola e quica como se animado por uma força interna, projetável e abraçável como nenhum”, no canoro dizer do crítico literário José Miguel Wisnik.

Decorre daí que o abraço que a literatura dá na bola (esta aqui entendida como metonímia extensiva do próprio jogo de futebol) é um amplexo de vínculos fortes, sólidos, baseado em afinidades constitutivas comuns, pois que a palavra - quando literária - também se sustenta numa relação fluida, sempre em curso, nunca parada, sempre transitiva, do seu corpo físico (o significante lingüístico) para com a coisa que representa (designa): o seu referente a que empresta sentido; o objeto representado.

Tentando fechar essa equação de sentidos, temos o seguinte: a literatura é uma supra-linguagem nutrida de todas as outras, mas, ao mesmo tempo, só redutível a si mesma e apta a captar o mundo na sua realidade mutável e cambiante, na sua operação alucinante de ser e de não ser, simultaneamente; no seu aspecto de realidade palpável e de irrealidade alucinatória onde, às vezes, o que parece ser, não é; e o que é não parece ser.

O futebol, por outro lado, quando compreendido como um fenômeno que vai além daquele jogo realizado em quatro linhas de um espaço retangular, enxergado como um acontecimento sociocultural de amplo alcance (veja-se o fato de ser aceito por quase todas as culturas do mundo), é também uma supra-linguagem só redutível a si mesma, apta a recolher e espraiar os múltiplos sentidos culturais que se impregnam na sua operação simbólica básica, que é a de – através de um rito primordial, o homem enfrentar o outro (e, por decorrência especular, a si mesmo) através de uma guerra em que o fundamental não é a morte, a aniquilação do outro, mas a sobrevivência de todos, numa perspectiva festiva e prazerosa. Algo que só a arte pode dar ao realizar, na prática, a utopia existencial fundamental do ser humano: a sobrevivência pacífica e livre entre os diferentes seres e povos, que são, em última instância, seus semelhantes. Tudo isso mediado pelo tempo e pelo poder de criar. E criar, fundamentalmente, sentido para o mundo.

Encerrando esse nosso primeiro papo, elenco agora as afinidades constitutivas que ligam, irremediavelmente, a literatura com o futebol, nesse âmbito estrutural de que falei um pouco acima. E lembro, ao ensejo, que o liame comum a ambos é o fato de serem acima de tudo meios de expressão estética. Ou seja: linguagem e arte puras, em todos os sentidos.
O futebol tem em comum com a literatura, nessa perspectiva estrutural e ontológica, o seguinte:


  • Ambos constituem um tipo de jogo (um de bola, outro de palavras) e como tal possuem suas regras;

  • Tanto o escritor quanto o jogador de futebol inventa dentro de certos limites, sendo a subversão desses limites a arte dos gênios nos dois casos;

  • Essas regras, nos dois campos, existem para permitir a entrada do imponderável, do inesperado, do toque do aleatório (vide um final inesperado de um conto ou uma jogada genial de um Garrincha, aquela que resolve a parada – Em tempo: Garrincha só driblava para um lado, e quase sempre o mesmo drible, mas zagueiro nenhum o detinha; era o inesperado dentro do esperado, assim como na boa literatura);

  • Ainda quanto às regras, nos dois casos, elas dependem da interpretação (do árbitro, no futebol; do leitor, na literatura) e isso deixa aos dois campos um espaço de criação de sentidos em aberto;

  • Esse espaço de sentido em aberto cria um mundo à parte, fora da lógica da vida comum e do cotidiano vivencial das pessoas: um mundo com começo, meio e fim presumível, mas, contudo, imprevisível (compare-se um romance e uma partida de futebol, nesse sentido: ambos começam, se desenvolvem, criam climas, suspenses e se concluem para um novo começo, deixando ainda uma área de especulações interpretativas para o que poderia ter sido e que não foi);

  • Aqui, entra outra dimensão importantíssima dos dois campos: a intervenção das artimanhas do acaso, que gera fantasia: veja-se a importância do chamado “montinho artilheiro”, no futebol, aquela saliência que as vezes há no campo de jogo e que, sem ninguém esperar, põe a bola pra dentro do gol, sem intervenção humana alguma. Ou, na literatura, um homem-personagem de repente virar uma barata, como caso de Gregor Sanza, no conto A metamorfose, da Kafka;

  • Os dois campos se constituem de elementos estruturais em comum: há sempre uma narração, e, portanto, um narrador (ou vários narradores-autores); há sempre um tempo a ser decorrido e, portanto, é um domínio em que o tempo precisa ser dominado, embora isso seja impossível técnica e conceitualmente falando; se há narração, existem personagens e, a partir deles, ações que se desenvolvem no tempo e no espaço; e, por último, tudo isso forma um enredo, que constituem uma partida de futebol em si, ou uma peça literária, seja ela um conto, um romance ou um poema.

E, como espero ter ficado claro, os dois se complementam e se colaboram.

Sendo assim, os dois campos mantém uma relação de interação mútua tanto como formas de expressão estética combinatórias e complementares (o jogo dá texto e o texto dá jogo) quanto como fonte de inspiração intrínseca geminada (pode haver jogadas de letra e letra de jogadas) como no exemplo poético a seguir de autoria do poeta paraibano, Eulajose Dias de Araújo:

PALAVRASBOLAS

As palavras não

são bolas de futebol,

mas eu jogo com

as palavras como

se bolas elas fossem...

Futebolescas as palavras

se tornam bolas

para todos os acertos

de concordância ou sintaxe,

gramática jogando

com matemática quase.

Gol de pensamento são

as palavras no tempo,

ou no tempo de tempo,

ou no tempo de tempo,

são as palavras:

palavrasbolas paraboladas

jogando palavreadas.

No próximo post, vou tratar da relação da literatura com o futebol em termos de mais outros aproveitamentos (agora, temáticos) do jogo de bola pela expressão literária dos escritores brasileiros contemporâneos.
Aguardem o próximo POST, pois não!


Para maior aprofundamento no tema, ler:


  • CARNEIRO, Flávio. PASSE DE LETRA: FUTEBOL & LITERATURA. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

    FRANCO JR, Hilário. A DANÇA DOS DEUSES: FUTEBOL, SOCIEDADE, CULTURA. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

    PEDROSA, Milton. GOL DE LETRA. Rio de Janeiro: Editora Gol, 1967.

  • WISNIK, José Miguel. VENENO REMÉDIO: O FUTEBOL E O BRASIL. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.